ATA DA DÉCIMA TERCEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 07.07.1993.
Aos sete dias
do mês de julho do ano de mil novecentos e noventa e três reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Décima Terceira Reunião Ordinária da Primeira Comissão Representativa da
Décima Primeira Legislatura. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella,
Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Jair
Soares, João Dib, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann,
Luiz Braz, Maria do Rosário, Mario Fraga e Milton Zuanazzi, Titulares, e
Dilamar Machado, Divo do Canto, Isaac Ainhorn e João Motta, Não-Titulares.
Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da
Décima Segunda Reunião Ordinária, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram:
Ofícios nºs 423, 427 e 431/93, do Prefeito Municipal, 031/93, da Associação
Brasileira de Servidores de Câmaras Municipais; Ofício-Circular nº 17/93, da
Câmara Municipal de São José do Rio Preto; Cartões do Atelier Artíficis e Museu
de Porto Alegre, convidando para a exposição “Linha Postal entre Porto Alegre e
São Paulo”, no período de sete a trinta e um de julho, da Secretaria de
Ciências e Tecnologia, e da Secretaria Municipal de Cultura, convidando para o
lançamento de “Teatro Gaúcho - anos noventa”, Caderno Especial da Revista
“Ponto & Vírgula”. A seguir, o Senhor Presidente informou que o Vereador
Luiz Braz assumiu a Presidência da Casa, no período de dois a dez do corrente,
em substituição ao Vereador Wilton Araújo em Representação Externa, em Buenos
Aires, ocasião em que proferirá palestras sobre temas relacionados ao Mercosul,
assumindo a Titularidade na Comissão Representativa o Vereador Nereu D’Ávila,
e, ainda, em razão dessa Licença assumiram a Vereança, no dia cinco o Vereador
João Bosco e no período de seis a dez a Vereadora Letícia Arruda, como
Não-Titulares. Após, foi aprovado Requerimento do Vereador Luiz Braz,
solicitando licença para, no período de dez a dezesseis do corrente,
representar externamente esta Casa, em debates acerca do tema “metrô de
superfície”, na Cidade de Ribeirão Preto. EM COMUNICAÇÕES, o Vereador Milton
Zuanazzi referiu-se sobre constituição de Comissão Externa para tratar da
questão da fome e da miséria, proposta pelo Vereador Airto Ferronato,
parabenizando-o pela sugestão. Alertou para as conseqüências de armazenar
alimentos para posterior distribuição à população carente. Elogiou o Vereador
Luiz Braz pela “Campanha do Kilo”, existente há doze anos na Cidade. A
Vereadora Maria do Rosario afirmou que o problema trazido pelo Vereador Milton
Zuanazzi é de relevante importância, e, ainda, ser caótica a situação vivida
por essa parcela da população. Criticou decisão do Governo Federal em reduzir o
orçamento somente na área social. E, ainda, propugnou pela distribuição de
merenda escolar aos domingos nas escolas pública. O Vereador Luiz Braz
reportou-se sobre “Show do Kilo”, dizendo que o objetivo é de ajudar as pessoas
mais necessitadas. Agradeceu o apoio da Brigada Militar, da Empresa Porto-Alegrense
de Turismo, vários cantores e empresas que contribuíram para o evento. Criticou
posicionamento do Executivo Municipal no que diz respeito ao Projeto de Lei que
concede reajustes mensais aos municipários, comentando Projeto no mesmo sentido
no Senado Federal, de autoria do Deputado Federal Paulo Paim, do PT. O
Vereador Jocelin Azambuja saudou o Vereador Milton Zuanazzi por seu retorno a
Casa. Comentou sua preocupação com o Executivo Municipal em relação ao Conselho
Escolar, dizendo ser o mesmo uma entidade estudantil e não composto por varias
entidades. Falou que o Secretário Municipal de Educação convocou os
Coordenadores de Círculos de Pais e Mestres das Escolas Municipais para
informar-lhes que os Conselhos Escolares iriam responder pelos CPMs. Disse que
solicitará o comparecimento do Secretário Municipal de Educação para prestar
esclarecimentos acerca da questão. Em COMUNICAÇAO DE LÍDER, o Vereador Jocelin
Azambuja continuou seu pronunciamento, dizendo ser um erro de interpretação por
parte do Executivo quanto a formação de Conselho Escolar. Falou que a Secretaria
Municipal de Educação não cumpre a legislação vigente no que se refere a
conservação da Escola Municipal Leocárdia Felizardo Prestes, no núcleo da
COHAB. Sugeriu implantação do segundo grau, à noite, nessa Escola. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador João Dib referiu-se sobre aprovação de Requerimento do
Vereador Eliseu Santos no sentido de que fossem repassados os recursos
financeiros aos hospitais brasileiros a que tinham direito, lamentando a falta
de divulgação do trabalho desta Casa quanto à questão. Reportou-se sobre o
acampamento dos colonos sem terra,
autorizado pelo Prefeito Municipal, no Parque Farroupilha, dizendo que a Lei
Orgânica Municipal vem sendo contrariada através dessa decisão, bem como, da
autorização do transporte, pela Companhia Carris Portoalegrense, desses colonos
ao Interior. Após, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, do
ex-Vereador Wilson Santos. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Verle referiu-se
sobre pronunciamentos feitos hoje, na Casa, afirmando que o PT continuará
apoiando os colonos sem terra, por não admitir que os mesmos não tenham acesso
à terra. E, ainda, afirmou ser a agricultura a melhor forma de combater a fome
e a miséria. Comentou que durante o acampamento dos colonos no Parque
Farroupilha tudo transcorreu normalmente, sem prejuízos à Cidade e à população.
Disse que o PT defende o reajuste mensal para os trabalhadores, observando que
a Prefeitura Municipal de Porto Alegre terá que adaptar a situação local à
nacional. Afirmou não aceitar que o Executivo coloque toda sua receita no
pagamento de pessoal. O Vereador Guilherme Barbosa comentou sobre relatório do
Vereador Luiz Negrinho que trata da recuperação de viadutos da Cidade, dizendo
que o mesmo foi baseado em relatório do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, classificando-o de
tendencioso.Teceu comentários acerca de publicidade feita pela Companhia
Estadual de Energia Elétrica ao mesmo tempo em que arrocha salários dos
eletricitários. O Vereador Gerson Almeida registrou o centenário do nascimento
do poeta Maiakovski. Criticou atuação do Ministro Henrique Cardoso, dizendo não
ser um plano econômico o apresentado por Sua Excelência, mas um conjunto de
intenções. Afirmou que será desmantelado o plano de obras do Governo Federal,
quando subtraído, do orçamento, recursos da área social. Disse, ainda, não
aceitar a manifestação do Sindicato dos Municipários aos Vereadores do PT. O
Vereador Clóvis Ilgenfritz analisou a proposta de comparecimento do Secretário
Municipal de Obras e Viação, Senhor Estilac Xavier, nesta Casa, dizendo que
durante a reunião da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação haviam
decidido reestudar a questão da contratação dos serviços pela FUNDATEC,
lamentando decisão posterior, do Vereador Luiz Negrinho que não cumpriu com o
que havia proposto. Criticou cartaz elaborado pelo SIMPA, em que classifica de
traidores os Vereadores do PT desta Casa. O Vereador Artur Zanella reportou-se
sobre pronunciamento do Vereador Clóvis Ilgenfritz quanto a publicação, em
cartaz, dos Vereadores contrários ao Projeto de Lei de reajuste mensal dos
municipários, dizendo que o mesmo aconteceu com a Bancada do PDT, na ocasião,
da votação do sábado inglês. Falou sobre despejo de cento e vinte famílias na
Lomba do Pinheiro, propugnando providencias do Executivo Municipal. E, ainda,
falou sobre ocupação da Praça Paraguaçu, no Bairro Espírito Santo, em que a
Secretaria Municipal do Meio Ambiente informa ser a área de caráter perigoso,
afirmando ser uma irregularidade o loteamento dessa Praça. E o Vereador Airto
Ferronato falou sobre campanha de combate à fome e à miséria, expondo tópicos
no sentido de que seja instalado comitê nesta Casa, afirmando ser necessárias
ações concretas através da sociedade e do poder público. Propôs às empresas de
alimentação o armazenamento de alimentos, para ser controlado e coletado pelo
Executivo Municipal, para posterior distribuição. Em continuidade, o Senhor
Presidente respondeu Questão de Ordem do Vereador Jocelin Azambuja, acerca da
formação de comitê ou grupo de trabalho, na Casa, sugerido pelo Vereador Airto
Ferronato, informando que a Lei Orgânica Municipal e o Regimento Interno não
amparam essas deliberações durante o recesso parlamentar. Após, o Vereador
Airto Ferronato propôs a formação de comitê informal, nesse período de recesso,
solicitando a indicação de membros por suas Lideranças. Às doze horas, nada
mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária, amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Milton
Zuanazzi e Clóvis Ilgenfritz e secretariados pelos Vereadores Milton Zuanazzi,
Clênia Maranhao e Airto Ferronato. Do que eu, Airto Ferronato, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Havendo
“quorum”, declaro abertos os trabalhos da presente Reunião. A Mesa informa que
o Ver. Wilton Araújo está em Representação Externa, em Buenos Aires, para
proferir palestra sobre o Mercosul.
Assumem,
hoje, como titulares, na Comissão Representativa, os Vereadores Isaac Ainhorn e
Dilamar Machado.
Estão
de licença os Vereadores Nereu D’Ávila e Wilton Araújo.
De
autoria do Ver. Luiz Braz, Requerimento solicitando licença no período de 10 a
16/07/93 para representar externamente esta Casa em Ribeirão Preto, São Paulo,
sem ônus para a Câmara.
Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Passamos
ao período de
Com
a palavra, o Ver. Milton Zuanazzi.
O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, este período de afastamento compulsório que tive em função de
uma cirurgia, não me deixou em momento algum afastado da nossa Câmara de
Vereadores. Procurei acompanhar pela imprensa, procurei acompanhar pelos
“releases” da nossa Assessoria de Imprensa, que recebi cotidianamente, as
atividades dos meus colegas parlamentares. E esses dias, infelizmente ainda não
chegou ao Plenário o Ver. Airto Ferronato, escutei o Vereador na Rádio Gaúcha,
na Rádio Bandeirantes, na Televisão Bandeirantes sobre uma Comissão proposta
por ele, parece que já encaminhada por ele, aqui na Câmara, sobre esta questão
do combate à fome e à miséria. Chamou-me muito a atenção primeiro a agilidade
do Vereador Ferronato e dos colegas, me parece que este é um tema que está
pautado a nível não nacional, ao qual nós não podemos nos furtar. Aliás, a
idéia foi correta, de que as Câmaras poderiam liderar estes movimentos, esses
conselhos, essas Comissões de combate à fome.
Teve
um detalhe que o Ver. Ferronato falou na Rádio Gaúcha e na TV-Bandeirantes que
me chamou a atenção, me trouxe para algumas reflexões. Ele chegou a propor, na
ânsia de querer resolver este problema grave que atinge o nosso País, da
miséria e da fome, criar-se uma espécie de recolhimento de comida em Porto
Alegre, uma espécie de DMLU para recolher comida, não sei se era resto ou se
era comida de boa qualidade para distribuir à população.
E
eu fiquei pensando, as reflexões que você faz nessas horas, quando se está
sozinho em casa, aguardando a recuperação de uma cirurgia, a que ponto nós
começamos a chegar na ânsia de resolver os problemas, as questões tão graves
por que passa o nosso povo. Uma figura da importância do Ver. Ferronato, da
sensibilidade do Ver. Ferronato, que realmente ela é muito grande com os
problemas que afetam o nosso povo, chegamos ao ponto de elaborar este tipo de
iniciativa. E comecei a pensar que nós estaríamos mais uma vez deixando de
discutir a essência para discutir os efeitos, deixando de discutir as causas
para discutir os efeitos. Há uma goteira enchendo um balde, e nós estamos
preocupados em como se esvazia o balde, em vez de nos preocuparmos em como esta
goteira está penetrando no telhado.
Nós
estamos chegando a um ponto em que os níveis de soluções que estão sendo
apresentadas ao nosso povo não têm nada a ver com as soluções reais,
verdadeiras. E eu temo que isso tome conta de todos nós, principalmente
daqueles que fazem política neste País, porque já está todo o mundo envolvido
neste processo, da questão da fome e da miséria. Está o Betinho, que é um
lutador da História deste País, está a cúpula – o Diretório Nacional do PT, que
iniciou este movimento, está a Comissão dos Direitos Humanos. Eu vi, anteontem,
o Ver. Pedro Ruas, o Jair, Carlos Krischte e Carlos Da Ré com o Governador
Collares e o Vice-Prefeito Raul Pont em busca de soluções para os abandonados.
De repente este é um assunto que começa a tomar conta de nossas rodas. Como
solucionar a goteira e o balde que está enchendo proveniente desta, e nós vamos
esquecendo os grandes temas e transformações que tem que ser feitas neste País.
Eu francamente começo a temer, quando este tipo de assunto começa a ser a pauta
dos nossos discursos e das nossas vontades de legislar. Há tantas outras coisas
a serem discutidas. Não que eu esteja negando isso, tanto que elogio e
parabenizo a Câmara e o Vereador Ferronato por ter proposto que um dos comitês
iniciasse, aqui, na nossa Câmara de Vereadores. Agora, o que nós não podemos é
limitar, inclusive o nosso discurso, a nossa denúncia, a nossa ação ao
resultado de algo que nós sabemos muito bem por que tem fome e miséria em nosso
País. Se nós limitarmos este discurso, estaremos perdendo o momento
fundamental, pois quando a própria imprensa pela primeira vez se abre para
discutir isso, nós estamos entrando no jogo dessa grande imprensa, muitas vezes
com interesses obscuros, estamos fazendo este jogo para não discutir os reais
problemas do País.
Então,
eu chamo a nossa Câmara que tem sido historicamente proba em discutir os
problemas centrais do nosso povo de Porto Alegre para aproveitar esse momento e
abrirmos uma discussão, no sentido da solução dos nossos problemas. Não podemos
ficar limitados a bombeiros apagando incêndio. Há que se detectar com verdade,
há que se aproveitar o espaço que inclusive a própria grande imprensa oferece e
apresentar este para que nós ocupemos.
Por
fim, meu Prezado Vereador Luiz Braz, eu quero fazer um elogio a Vossa
Excelência, Vereador Luiz Braz, que tem há doze anos a campanha do quilo,
iniciativa sua, e sei que o senhor já foi muito criticado por isso, talvez até
eu o tenha criticado, não na tribuna, talvez, mas a nível de pensamento. Hoje,
todos neste País se atiram na campanha do quilo para salvar da miséria as
crianças, o povo que anda na rua. De forma que, Vereador Luiz Braz, Vossa
Excelência tomou essa iniciativa, há muito tempo atrás, como radialista, depois
como Vereador, e agora isso tomou conta de todas as proposições políticas de
muitos partidos, movimentos, Direitos Humanos, etc. Então, nós precisamos, a
partir desta reflexão, que Vossa Excelência começou e agora todos ocupam, fazer
uma para solucionar estes verdadeiros problemas que atingem o nosso povo. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a
Vereadora Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. O tema que traz à tribuna o Ver. Milton Zuanazzi
certamente é de bastante relevância, porque mobiliza a sociedade brasileira. A
verdade é que se vê, iniciando por todo o País, uma mobilização que me parece
importante de parte da própria sociedade civil, a idéia de investir no que pode
existir de solidariedade humana nas pessoas e dividir o pouco que temos. A
situação é caótica. E, do meu ponto de vista, a sociedade como um todo tem que
ser chamada e está respondendo a este chamado. Ou não seria caótica a situação
da Vila Cai-Cai que a Folha de São Paulo no dia 29 de maio denuncia com índices
estarrecedores de 69% de retardo de crescimento.
E
as crianças da Capital Gaúcha, hoje, têm segundo pesquisas realizadas, aqui
pela Universidade Federal cerca de 7% de crianças com retardo de crescimento,
quando os dados da Organização Mundial da Saúde indicam 3% como o máximo
possível em uma comunidade.
Acho
que vivemos verdadeiramente uma situação de caos. A responsabilidade é claro
que é dos programas econômicos. Temos passado de um programa econômico para
outro, sempre penalizando a maior parte da população. Porque os planos
econômicos de um modo geral, neste País, sempre beneficiaram os ricos. Não
diferentes deste que hoje é apresentado pelo Sr. Fernando Henrique Cardoso.
Pois este plano não se trata de outra coisa que não uma velha receita, uma
receita que apresentou cortes nos gastos, e somos favoráveis a cortes
supérfluos do Governo. No entanto, os cortes que o Ministro Fernando Henrique
faz, eu não chamaria de investimentos supérfluos as áreas a que estavam
destinados os recursos, pois corta 25% do orçamento da educação, 43% do
orçamento da saúde e nós discutimos aqui nesta Casa toda uma situação de
dificuldades dos hospitais, de pagamento dos hospitais pelo Ministério da
Saúde. Não corta nada dos Ministérios Militares; corta 28% do orçamento da
agricultura, 43% do investimento do bem-estar social, 21% no investimento de
transporte.
Então,
me parece, Srs. Vereadores que, na verdade, o Ministro Fernando Henrique
Cardoso corta gastos com investimentos na sociedade, penaliza ainda mais a
população brasileira com o seu projeto e não toca no que é essencial. É claro
que a sociedade civil é chamada a assumir cada vez mais a sua parcela, porque
ela é única que trabalha do ponto de vista solidário entre si. O Governo pouco
faz no atendimento das questões sociais. Esta é uma realidade.
O
relatório anual do Governo, de 1992, mostra que o resultado primário das contas
públicas, o resultante da receita fiscal, no Brasil, é superavitário. Para onde
vai o dinheiro? O dinheiro vai para pagamento do serviço da dívida pública e
nisso o Ministro Fernando Henrique Cardoso, e nisso a equipe econômica do
Governo não toca em nenhum momento. A dívida pública está intocável no Brasil,
é a prioridade de pagamento, é o caminho por onde se busca enfrentar a
inflação. Novamente um discurso de enfrentamento da inflação às custas dos
trabalhadores, de um povo sofrido, de uma população que já tem salários
baixíssimos, que não pode recorrer a um serviço de saúde particular, que não
tem condições de estar numa escola particular e que nos serviços públicos tem,
novamente, cortes de verbas. Então, nesse sentido, fica o nosso protesto e uma
proposta: eu acho que se nós vivemos verdadeiramente um momento muito grave
para a Nação, é hora de estabelecermos certas parcerias entre Governos e tentar
envolver a sociedade civil dando alguma coisa em troca. Me parece que agora
vamos iniciar um período, nas escolas do Rio Grande do Sul e nas escolas de
Porto Alegre, das chamadas férias escolares. As escolas da rede Municipal de
Porto Alegre têm cerca de uma semana, dez dias no máximo, de férias. As escolas
da rede Estadual de Ensino têm por volta de cinqüenta e cinco dias de recesso
escolar que vai agora, desse final de semana, próximo, do dia 10 de julho até o
dia 2 de setembro. É injustificável isso, Srs. Vereadores, realmente. Uma parte
desse recesso são férias dos professores, a outra parte é um treinamento que já
foi comprovada a sua ineficácia na valorização profissional, na discussão
pedagógica pelo magistério. Independente da nossa situação de crítica, porque
não gostaríamos de ver um recesso tão grande na rede pública de ensino, até
pela situação de caos que isso ocasiona em cada sala de aula, é importante que
os senhores saibam disso, do ponto de vista pedagógico e cultural dos alunos e
do trabalho do professor, nós achamos que seria interessante que no mínimo a
merenda escolar não deixasse de ser fornecida aos alunos. Então fica, através
desta tribuna, uma proposta à Secretaria Municipal de Educação, de que se
existe, hoje, uma campanha contra a fome e se nós temos milhares de estudantes
sendo mandados para a casa onde as dificuldades são maiores do que nunca,
certamente, seria muito oportuno que no mínimo se tomasse a iniciativa de
manter o fornecimento da merenda escolar. A merenda escolar que é sem dúvida
alguma, hoje, um dos principais motivos de comparecimento às escolas e além
disso a merenda escolar que é, certamente, para muitas crianças, a principal
refeição do dia. Então, nos parece que a forma como o Governo do Estado e a
Administração Municipal poderiam participar mais concretamente dessa campanha
nacional, seria, no mínimo, já que o recesso da rede Estadual é bastante
grande, mantendo o fornecimento da merenda escolar aos alunos regularmente
matriculados, talvez, aí, estivéssemos dando uma contribuição nossa para que as
crianças de Porto Alegre, do nosso Estado, mas, particularmente da nossa
Cidade, aqui, onde representamos, pudessem diminuir o seu nível de pobreza e
garantir alguns direitos que são essenciais. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Apenas para fazer uma
correção nas notas taquigráficas, nós vamos lembrar que o Ver. Wilton Araújo
está licenciado, assume no seu lugar na titularidade da Representativa o Ver.
Nereu D’Ávila, que não está presente. Os outros Vereadores que foram citados
aqui, o Ver. Dilamar Machado, o Ver. Isaac Ainhorn, eles continuam ainda como
Vereadores suplentes da Representativa, porque a licença do Ver. Nereu D’Ávila,
se fosse licenciar-se, seria imediatamente substituído pelo Ver. Dilamar
Machado e o Ver. Elói Guimarães que seria o próximo suplente, se fosse
licenciar-se seria substituído pelo Ver. Pedro Ruas.
Então,
neste caso, apenas para fazer uma correção, os Vereadores Dilamar Machado e
Isaac Ainhorn ainda entram na relação dos Vereadores suplentes da
Representativa.
Convido
o Ver. Milton Zuanazzi para assumir a Presidência dos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Milton Zuanazzi): Com
a palavra, o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Vereador Milton Zuanazzi, no exercício da Presidência, Srs. Vereadores. Eu não iria utilizar o tempo, mas resolvi utilizá-lo, Ver. João Dib, porque o Ver. Milton Zuanazzi bondosamente fez uma referência de uma promoção que nós realizamos há cerca de 12 anos aqui em Porto Alegre, intitulado o “Show do Quilo”. E nós, quando iniciamos o “Show do Quilo”, ainda não éramos Vereador aqui nesta Casa, nós nos elegemos a primeira vez em 1982, assumimos em 1983, vamos completar este ano 11 anos de Vereança, com três mandatos. Naquela época militávamos apenas no rádio quando iniciamos o “Show do Quilo”, e o objetivo que nos moveu naquela época foi o mesmo objetivo de hoje, exatamente ajudá-las, que as pessoas mais necessitadas pudessem fazer frente à fome, ao frio, numa época muito difícil, que é essa época do meio do ano. É claro que sabíamos naquela época, como sabemos agora, que essa contribuição não vai resolver o problema definitivo das pessoas, mas vai ajudar a que as pessoas possam, pelo menos temporariamente, ter seus problemas minimizados. Este ano nós realizamos, no mês de junho, o “Show do Quilo”, no Ginásio da Brigada Militar, e quero prestar contas a esta Casa daquilo que lá foi realizado. Nós tivemos a presença de 2111 pessoas, no dia do “Show do Quilo”, recebemos o apoio da EPATUR, que nos cedeu o palco, o Governo do Estado nos cedeu o Ginásio, conseguimos um apoio muito bom de todo o comércio, inclusive a própria VARIG nos possibilitou a vinda do cantor Angelo Máximo, de São Paulo, tivemos vários cantores do Rio Grande do Sul, por exemplo a cantora Fátima Gimenez esteve presente, e conseguimos 10 mil e 300 quilos de alimentos e 24 mil peças de agasalhos, na promoção do “Show do Quilo”, que foi organizado como uma gincana. Hoje à tarde, aos Vereadores que quiserem se fazer presentes, faremos a premiação das equipes que participaram. O primeiro prêmio a ser distribuído é um prêmio de 10 milhões de cruzeiros, e mais um traje que o Tevah está nos oferecendo, os 10 milhões é o pessoal da Abril Cultural que nos ofereceu; o segundo prêmio é de 7 milhões de cruzeiros, que a Dimeco, que é uma distribuidora de medicamentos, está nos oferecendo; o terceiro prêmio é um fogão da Soberana dos Móveis; o quarto prêmio é de 3 milhões de cruzeiros, que eu mesmo estou oferecendo; e o quinto prêmio é de 10 rodízios de galeto. São os prêmios que conseguimos, e fizemos com que o “Show do Quilo”, no dia 18 de junho, no Ginásio da Brigada Militar fosse um sucesso, sabedores, desde o início, de que, na verdade, esta nossa produção não iria, de forma alguma, resolver problema nenhum, problemas que existem no Brasil são problemas estruturais, são problemas históricos que precisam da nossa ação efetiva, e não apenas isso, pois nós somos muito pequenos para resolvermos esses problemas que estão localizados não apenas aqui em Porto Alegre, mas em todo o Brasil, mas principalmente daqueles nossos amigos que atuam lá no Governo Federal.
Precisamos,
cada vez mais, sermos mais sinceros no modo de fazer política. Por exemplo,
deplorei, e continuo deplorando, e faço questão de falar isso aqui em Plenário,
na frente do Líder da Bancada do PT, do meu amigo Guilherme Barbosa, o tipo de
fazer política do PT. O PT, em nível federal, pressiona o Governo Federal para os
reajustes mensais, dizendo que é criminoso - são palavras do Lula – negar-se
reajuste mensal para os trabalhadores brasileiros, mas em nível municipal o
Prefeito Tarso Genro teima em vetar o nosso projeto de lei, em dizer que vai
vetar o projeto, apesar de eu saber que a Bancada de Vereadores do PT, aqui
nesta Casa, votou contrária ao projeto, contrária às suas consciências também.
Não era o que queriam os Vereadores do PT, mas foram obrigados, através de uma
política partidária, a votarem contrários ao projeto, porque é aqui em Porto
Alegre que o PT está com a sua administração. Estivemos falando com o Prefeito
Tarso Genro, e o Prefeito, Ver. Milton Zuanazzi, disse para nós o seguinte: se
porventura fosse aprovar o projeto, sancionar o projeto, o que ia acontecer é
que o que sobra para investimento em obras, tudo que sobra seria comprometido
para que este reajuste mensal fosse dado. Ora, se existe esta consciência do
Prefeito de que tudo o que sobra para investimento vai ser comprometido, por
que na pregação nacional o PT não tem a mesma linha? Por que utilizar um
discurso, argumentos, aqui para Porto Alegre, e utilizar argumentos diferentes
em nível nacional? Essa maneira falsa, demagógica, de fazer política é que tem
que começar a desaparecer. Não estou fazendo esta crítica exclusiva ao PT, mas
temos que ser mais sinceros, começar a conciliar mais as nossas atitudes com os
nossos discursos. Aquilo que vamos realizar de prático tem que estar mais
coerente com o discurso, porque senão vamos cair neste vexame nacional que o PT
está passando atualmente com o problema do reajuste mensal, porque na verdade
ninguém mais está acreditando que o PT está pregando reajuste mensal em nível
nacional, apoiando o projeto do Paim com honestidade, querendo que isto, realmente,
aconteça. Parece para todo mundo, e é o que está dando a impressão de que o que
o PT está querendo com esse discurso, em nível nacional, é colocar mais fogo no
circo, porque se isso não fosse realidade, o exemplo - e eu falei isso para o
Prefeito Tarso Genro -, o exemplo deveria estar sendo dado aqui em Porto
Alegre. Bastaria que o Prefeito Tarso Genro, que tem o prazo até o dia treze,
sancionasse o projeto aqui em Porto Alegre para que a argumentação de Brasília
se fortalecesse e muito. Imaginem só se aqueles que estão em Brasília
negociando agora com o Senado soubessem que o Prefeito de Porto Alegre tinha
sancionado o projeto de reajuste mensal, o que iria acontecer? Aqueles
Senadores que estão dispostos a negociar com o Governo esse reajuste mensal da
inflação imediatamente iriam mudar de idéia e começariam a pensar que o projeto
do Paim é o que deveria, realmente, ser aprovado também no Senado, para
liquidar de vez com toda essa história, mas não; o Prefeito Tarso Genro,
teimosamente e contrariando o discurso do PT em nível nacional, quer vetar o
projeto em Porto Alegre, tirar o discurso do PT, desmentir o discurso do PT e
deixar o Deputado Paim numa situação difícil lá em Brasília, porque a
argumentação de Brasília é completamente diferente da argumentação de Porto
Alegre. Ora! Se as duas argumentações são tão diferentes e vêm de um mesmo
partido, quem é que está falando a verdade? Está falando a verdade o Prefeito
Tarso Genro que diz que o reajuste mensal compromete tudo aquilo que está para
ser investido em obras, ou está falando a verdade o Lula em nível nacional, o
Paim em nível nacional, que diz que é criminoso não dar o reajuste mensal para
os trabalhadores? Então, na verdade, acredito que no momento em que os
políticos forem mais sinceros, que os partidos forem mais sinceros, que os
discursos forem mais uníssonos, acho que estaremos contribuindo para que este
País possa melhorar, porque senão, realmente, é muito difícil. Como é que
podemos querer melhorar alguma coisa se na verdade a primeira coisa que se
pensa é apenas em demagogia, é apenas proteger o partido, é apenas uma imagem
do partido que não é a verdadeira, que não é a real. Faz-me até lembrar que
algum tempo atrás esse mesmo Partido dos Trabalhadores, que admiro pela sua
organização, pregava aqui em Porto Alegre que a tarifa do transporte coletivo
tinha que ser bem pequena, tinha que ser baixa, e quando assumiu os transportes
coletivos, na verdade, colocou a tarifa bastante alta; que pregava que não
podia haver aumento de impostos, e quando assumiu a Prefeitura Municipal uma
das primeiras coisas que fez foi exatamente fazer com que os impostos subissem.
Então, esse discurso é que tem que começar a chegar um pouquinho mais próximo
da prática para que as pessoas possam começar a acreditar que os partidos
políticos querem o bem do país e não apenas o bem de um grupo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Milton Zuanazzi): Com
a palavra o Ver. Lauro Hagemann, que desiste. Com a palavra o Ver. José Gomes,
que desiste. Com a palavra o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, saúdo, em primeiro lugar, o retorno do nosso companheiro
Milton Zuanazzi que depois de uma delicada intervenção cirúrgica está aqui
conosco. Nesta mesma linha que o nosso colega de Bancada, o Ver. Luiz Braz,
manifestou-se, nós vamos manifestar. Eu estou seriamente preocupado com o
Secretário Municipal de Educação. Eu achei que ele estava desinformado. Agora,
eu estou achando que ele é irresponsável mesmo. Tenho que dizer isso porque, em
primeiro lugar, eu não posso admitir que um Partido pregue no seu discurso uma
prática e que no seu dia-a-dia, na sua atuação, tenha uma outra prática e uma
prática lamentável de desrespeito. Eu vim a esta tribuna, há alguns dias atrás,
denunciar um jornal da Administração Popular em que o Secretário Municipal de
Educação e o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, que é o representante
máximo da Administração Popular colocou que os Conselhos Escolares iriam
substituir o Círculo de Pais e Mestres. Estes estariam superados na visão
errada, medíocre, daqueles que colocaram a matéria no jornal. Imediatamente, os
colegas Vereadores, nobres colegas da Bancada Petista vieram a mim e disseram
que estava havendo um mal-entendido, o nobre Vereador Gerson Almeida até não
pode ouvir a minha resposta mas eu lhe dei a resposta aqui na tribuna, disse
que não era bem assim, e a Ver.ª Helena Bonumá, o Ver. José Gomes, todos me
disseram que eu estava interpretando mal, que havia um mal-entendido e tudo
mais. Eu acreditei nos Vereadores porque são pessoas sérias, mas
lamentavelmente era verdade tudo aquilo que eu disse. O Partido dos
Trabalhadores não está sabendo respeitar a organização popular. O PT prega, mas
não pratica, e posso lhe dizer, sabe por quê? Semana passada, a Administração
Municipal, o Secretário Municipal de Educação convocou os Coordenadores de CPMs
das Escolas Municipais de Porto Alegre para uma reunião. Quem coordenava a
reunião era o Professor Fraga e mais uma professora que não sei o nome e tenho
testemunhas para lhes informar isso e a toda a Bancada do PT; convocou uma
reunião na mesma linha dizendo que era para os coordenadores não ativarem mais
os CPMs porque agora os Conselhos Escolares iriam responder pelos CPMs. Eu
informei isso à Federação das Associações de Círculos de Pais e Mestres. O
pessoal já estuda uma medida judicial contra o Secretário de Educação para
responsabilizá-lo perante a Lei Orgânica do Município e perante a Constituição
Estadual, porque eu digo: ele não leu, não sabe o conteúdo, não sabe o que diz.
Lá se coloca que é livre a organização da comunidade escolar, de se organizarem
livremente. Esta palavra o PT deveria conhecer, deveria saber o que é que quer
dizer isso, organização livre da comunidade escolar. Pais, professores,
estudantes, funcionários em associações, em círculos de pais e mestres, grêmios
estudantis, grêmio de professores, grêmio de alunos. Já estou vendo, no mesmo
caminho, que daqui a uns dias, o Partido dos Trabalhadores vai começar a fazer
a sua pregação lá, na Secretaria Municipal, eu não sei qual é a corrente que
domina a Secretaria Municipal, mas pelo que estou vendo, é uma corrente que não
está no caminho correto do Partido dos Trabalhadores. Lá deve estar uma
corrente dissidente do PT, porque o PT que eu conheço não é esse. O PT que eu
conheço respeitava a organização de bases, o PT que eu conheço respeitava a
organização das comunidades escolares e esse PT que eu vejo lá na Secretaria
Municipal de Educação, esse é irresponsável, este prega mas não pratica nada do
que diz, do que está no ideário do Partido dos Trabalhadores, na filosofia do
Partido dos Trabalhadores, este é irresponsável, porque fazer uma reunião...
Olha, eu já vi governos irresponsáveis no trato com a comunidade, mas essa atitude!
Primeiro, colocaram no jornal uma matéria irresponsável, porque todo mundo sabe
o que é um conselho escolar e o que é uma entidade. Acredito que o PT saiba o
que é uma entidade, o que é um conselho escolar, o que é um sindicato, deve
conhecer isso. A gente vê, na prática, isso depois de militar anos, como já
militei aí, fazendo caminhadas junto com os companheiros do Partido dos
Trabalhadores no movimento sindical, no movimento comunitário, na organização
comunitária, nas vilas, nos bairros, em tudo quanto é lugar de Porto Alegre
estive junto com os companheiros, com o Waldir Bongas, na organização da UAMPA,
trabalhamos juntos aqui, na organização do Movimento Comunitário de Porto
Alegre e com tantos outros companheiros do PT, com o próprio Presidente, que
está sendo eleito, do CPERS, o Paulo Egon. Caminhamos junto com o
Secretário-Adjunto da Educação, o Clóvis, o que é isso? O senhor pregou anos
uma postura no CPERS e vem cá praticar outra na Secretaria Municipal de
Educação? Onde é que está a responsabilidade?
É
um fato extremamente grave. Entrarei com um requerimento nesta Casa pedindo o
comparecimento do Secretário Municipal de Educação para prestar informações,
pois estão desrespeitando a Lei Orgânica do Município aprovada por este
Plenário; estão desrespeitando a Constituição Estadual e também a Constituição
Federal, que fala das liberdades individuais e das liberdades coletivas.
Simplesmente vai lá o Secretário Municipal de Educação com uma postura
antidemocrática e lamentável, que nenhum dirigente pode ter. Ele até desconhece
a força do círculo de pais e mestres, tanto no Estado do Rio Grande do Sul,
como nacionalmente e internacionalmente. Talvez o Secretário nem tenha tomado
conhecimento da realização do 4º Encontro Internacional de CPMs. O Secretário
talvez não conheça, pois ficou muito tempo na universidade, isolado do mundo,
que do Rio Grande do Sul surgiu o Conselho Sul-Americano. Se os senhores não
sabem, hoje, na região de fronteira, nos países do Prata, leciona-se Português
nas escolas por obra da organização da comunidade escolar, por obra do Conselho
Sul-Americano. No Rio Grande do Sul, até 1989, quando foi criado o Conselho,
nunca havia sido ministrada uma aula de Espanhol nas escolas de Uruguaiana.
Hoje, em todas as escolas municipais e estaduais da região da fronteira,
leciona-se o Espanhol. Tudo por obra da comunidade escolar, dos círculos de
pais e mestres. E vem um Secretário de Educação fazer uma pregação contra? E,
sabem, agora estamos realizando o 4º Encontro Internacional, em Santa Rosa, com
o apoio até do PT, porque lá a Administração Municipal é de um conjunto de
partidos ditos progressistas, que inclui o PT. Isso em Santa Rosa, a terra do
meu querido amigo Professor Delmar Stefen, que já foi candidato pela Prefeitura
de Santa Rosa. E esse mesmo partido vem aqui na Administração Municipal cometer
essas falhas e esses erros.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Ex.ª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Jocelin, eu realmente não
entendi qual a crítica de V. Ex.ª. Pareceu-me, pelo que eu estava escutando,
que a proposta do Secretário é acabar com CPM, o que eu não acredito, ou que a
escola seja gerida por um Conselho Escolar, que inclui várias entidades...
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: V. Ex.ª não
está sabendo o que é Conselho Escolar. O Conselho Escolar não reúne entidades.
Esse
é o erro de interpretação, Conselho Escolar não é formado por entidades, é por
pessoas. O Conselho Escolar não é formado por entidades, é por pessoas. O
Conselho Escolar é um órgão da escola, como é o SOE, o CAPE. Entidade,
Vereador, é que nem o seu sindicato dos eletricitários, são entidades, têm
personalidades jurídicas, elas têm poder de representação. Os CPMs têm poder
consubstanciado por Acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do
Sul. O que o Secretário está querendo fazer é interferir, usar o poder do
Município, usar os funcionários municipais, reunir os coordenadores de CPMs
para tentar desmobilizar as entidades. Essa pregação dos Conselhos Escolares
que os Senhores querem levar adiante tem que ter responsabilidade. Eu fiz a
denúncia, aqui, Vereador, se V. Ex.ª não tem eu mando cópia para o seu
gabinete. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Jocelin Azambuja, em tempo de Liderança.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, para continuarmos e não perdermos a nossa relação de
informação à Bancada do PT nesta Casa. Tanto o Governo Municipal não está
sabendo o que é Conselho Escolar que não sabe também o que é entidade. Os
próprios Vereadores da Bancada têm dificuldades para saber o que é um Conselho
Escolar e o que é uma entidade estudantil, o que é uma entidade comunitária. O
que é uma entidade de representação. Nós precisamos ensinar, para não cometerem
estas coisas. Para não dizerem aquilo que não sabem. Está registrado, aqui, nas
notas taquigráficas. Não fui eu que disse que o Conselho Escolar é composto por
entidades. Com todo o respeito que me merecem os Vereadores do Partido dos
Trabalhadores, mas estão cometendo um grave equívoco e isso insere crime de
responsabilidade. Estão usando, inclusive, os funcionários do Município para
tentar atingir os círculos de pais e mestres. Isto é muito grave. É muito
sério. E isto vai ter desdobramento. Podem ter certeza. Nós vamos conversar com
o Prefeito Tarso Genro, vamos cobrar uma postura dele. Porque isto é um
absurdo. Nós, independentemente, se fosse o Círculo de Pais e Mestres, se
fossem os Grêmios Estudantis, se fossem os Clubes de Mães, se fossem os Grêmios
de Professores, nós estaríamos aqui tomando a mesma posição. Poderiam ser os
Grêmios de Funcionários. Porque é nossa obrigação. É obrigação desta Casa, é
obrigação dos Vereadores lutar pelo respeito à organização da comunidade. Mas
eu queria colocar outra coisa que está me preocupando também com a Secretaria
de Educação. E preocupa a nossa Bancada, tenho a certeza. É que eu estive
visitando, por exemplo, no sábado passado, a Escola Municipal Leocádia
Felizardo Prestes, localizada ali no núcleo da COHAB. Esta Escola é uma escola
que foi inaugurada oficialmente em 1987, que teve o seu trabalho iniciado,
realmente, em 1984, até com um grande trabalho do Ver. Valdir Fraga, de então,
que na época presidia esta Casa, que lutou incessantemente para que o Município
lá instalasse, e o Estado, aquela Escola, que atende uma comunidade de mais de
treze mil pessoas, no Núcleo da COHAB da Cavalhada. Lá, hoje - estive visitando
esta Escola - ela começa a apresentar aqueles problemas da má conservação. Ou
seja, o Município de Porto Alegre não vem atendendo a conservação da Escola.
Vai deixando que as coisas rebentem para depois ir consertar e gastar muito
mais. Isto é uma prática que o Poder Público tende a fazer que é lamentável.
Não se tem um serviço de rapidez, de agilização, de reparos da SMT, inclusive
em escolas. Então o que é que acontece? As coisas vão se deteriorando, e depois
se fazem as licitações para fazer grandes obras, grandes contratos. E aí vai se
fazer uma geral nas escolas. É o que tem sido feito ao largo dos anos, nas
administrações a que eu tenho assistido. E o mais econômico para o Município é
ir lá: estragou um cano, arruma de imediato. Os senhores sabem que eu fui lá e
verifiquei que a chama de água quente tem que ficar permanentemente ligada
porque está estragada a torneira. Ninguém vai arrumar a torneira. E assim se
segue. Está lá com um problema de rede elétrica. Ninguém vai arrumá-la. Já foi
encaminhado pedido. O Secretário já esteve lá, dois meses atrás. Foi pedido
pessoalmente para ele. Não tomaram providências. O Prefeito já esteve lá
visitando a comunidade da COHAB. Comprometeu-se de uma série de providências.
Foi às seis horas da manhã. Teve uma visita relâmpago. Muito bonito. Acordou
cedo o Prefeito. Só que voltou de lá, prometeu para a Associação de bairro,
para a comunidade, e não cumpriu nada. Está lá a comunidade aguardando. Então a
Escola Leocádia Felizardo Prestes, senhores, está entrando num processo de
deterioração por responsabilidade exclusiva da Administração Municipal, que
assumiu esta Escola com o Prefeito Olívio Dutra, em 1989, quando ele assumiu. E
até hoje, 1993, ela está lá, merecendo a atenção, merecendo reparos, a cancha
de futebol de salão, que foi inaugurada na Administração passada, já foi
invadida, as cercas estão rebentadas. E a Administração não tem o zelo com o
patrimônio público. Então isso nós temos que cobrar. Uma maior atenção à Escola
Leocádia Felizardo Prestes e um trabalho da Administração Municipal com a
Administração Estadual para lá instalar - já concluo - uma escola de 2º grau.
Porque é uma comunidade de treze mil pessoas, só no núcleo da COHAB, mais as
áreas adjacentes, que não tem escola de segundo grau. Que podia, pelo menos na
parte noturna, a exemplo, aqui, do Emílio Meyer, e do Costa Silva, que existe o
convênio Prefeitura e o Estado para ter escola de primeiro e segundo grau.
Poderia se fazer a mesma coisa lá na Escola Leocádia Felizardo Prestes e
atender, então, com o segundo grau aquela comunidade também. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Tem a
palavra o Ver. João Dib, em transposição de tempo com o Ver. João Verle.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Eu não teria necessidade de lembrar, mas é importante que se
lembre. Comunicação de Liderança deve ser utilizada para assunto urgente e
inadiável, submetido à apreciação do Presidente da Câmara para que ela seja
concedida ou não. É que, de repente, os colegas que aqui vêm para manifestarem
as suas opiniões ficam na sua liberdade de fazê-lo. Nenhuma restrição aos
colegas, e ao querido Jocelin Azambuja, mas apenas um lembrete.
O Sr. Jocelin Azambuja: Eu não entendi,
Vereador, me explique, eu usei o meu tempo regulamentar.
O SR. JOÃO DIB: E mais os cinco minutos
de Liderança. Mas a Liderança é para assunto urgente e inadiável e deverá ser
concedida pelo Presidente da Câmara, depois de exposto o assunto.
Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, eu tenho colocado, em todas as oportunidades, a
satisfação de ver um colegiado como este da Câmara Municipal, que está sempre
presente aos debates, sempre atento aos assuntos da nossa Cidade, e também
atento aos assuntos que extrapolam a nossa Cidade, mas que se vinculam a ela.
E, na segunda-feira, eu disse na televisão que esta Câmara conseguiu algo de
extraordinário, neste País. Nós votamos uma Indicação da Comissão de Saúde por
iniciativa do Ver. Eliseu Santos para que os hospitais brasileiros recebessem
os recursos a que tinham direito. Nos fizemos uma votação, se não estou
equivocado, de 23 votos contra 5. Mas, um Pedido de Renovação de Votação fez com
que a matéria fosse sustada por algum tempo e desse oportunidade a que a
Bancada do PMDB atuasse junto ao Ministro Britto, que atuou junto ao Presidente
da República. Os representantes do Ministro Britto estiveram aqui na Câmara e
no mesmo dia em que eles aqui estiveram, o Ministro Britto falou para o Ver.
Eliseu Santos, prometendo, em 48 horas, a solução, e aí surgiram 37 trilhões do
FAT emprestados à Saúde para que os hospitais pudessem ser ressarcidos. Este
foi um trabalho da Câmara Municipal, que lamentavelmente não teve a divulgação
que deveria ter tido. Nós que sofremos a pecha de não trabalhar, estamos
trabalhando, e muito, até em áreas que não dizem respeito diretamente à Câmara
Municipal. Mas mostrando a preocupação da Comissão de Saúde, nós fizemos com
que 37 trilhões de cruzeiros fossem pagos ao Brasil inteiro, fazendo com que
abril e maio os hospitais recebessem, e agora já se providencia esta
continuidade. Foi um trabalho de cada Vereador, especialmente da Comissão de
Saúde e da Bancada do PMDB, liderada por Luiz Fernando Zachia. Mas, quando
cuidamos de problemas de ordem nacional, como é o caso da saúde, e aí estavam
os hospitais porto-alegrenses, aí estavam as santas casas gaúchas, os hospitais
gaúchos, está tudo muito certo...
O Sr. Dilamar Machado: V. Ex.ª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Pergunto a V. Ex.ª que está bem enfronhado
na matéria: os hospitais receberam esses recursos, ou é apenas um anúncio
oficial?
O SR. JOÃO DIB: Já começaram a receber.
Dia 08 recebem a segunda parte. O dinheiro, realmente, existia. Só, não, no
Ministério da Previdência ou da Saúde.
O Sr. Dilamar Machado: Os hospitais do
Rio Grande do Sul já receberam alguma coisa?
O SR. JOÃO DIB: Ao que sei, dia 02 ou
03, já estariam recebendo.
O Sr. Dilamar Machado: Ao que sei,
Vereador, não receberam absolutamente nada.
O SR. JOÃO DIB: De qualquer forma, nós movimentamos. Será questão de horas, já que o dinheiro existe. Houve uma medida provisória para que o dinheiro pudesse ser utilizado. Precisamos continuar com a pressão que foi iniciada. Mas, eu já não digo a mesma coisa dos colonos sem-terra. Basta que seja colono sem terra para ser tratado a pão-de-ló. Vi os colonos sem-terra muito bem alimentados, passando na frente do prédio da Câmara Municipal, recebendo apoio político e financeiro. Isto não tem cobertura legal. É declaração do assessor do Vice-Prefeito que havia cobertura financeira para os sem-terra. O prefeito autorizou indevidamente, contrariando a legislação existente, a utilização do Parque da Redenção, onde o Decreto nº 85/91, editado no tempo em que eu fui prefeito, coloca uma série de coisas que tem que ser respeitadas nos parques e nas praças de Porto Alegre. Ele permitiu que fosse desrespeitado o art. 4º, inciso I: causar danos aos canteiros; inciso III: depredar, remover vegetais, ou parte deles; inciso VII: lavar roupas ou outros materiais e estendê-los; inciso XI: fazer fogo fora das churrasqueiras; inciso XIII: extrair, retirar ou transportar solo; inciso XV: afixar quaisquer cartazes; inciso XX: depredar, danificar ou causar atos de vandalismo. Tudo isso o povo de Porto Alegre viu ser feito por colonos bem alimentados. E é por isso que vimos repetindo, mais importante que fazer leis é exigir o cumprimento das mesmas. Vamos cuidar mais dos nossos sem-teto e deixar o problema dos sem-terra para quem de direito. E quando falo em sem-teto eu quero lembrar que, de repente, alguém morreu debaixo do viaduto sem nenhuma assistência de parte da municipalidade, que, mais uma vez, não hesitou em dar cobertura aos sem-terra.
Em
1990, quando aquele policial militar foi assassinado barbaramente, a Prefeitura
mandou, para o interior do Estado, os colonos sem-terra em ônibus da Carris. Eu
perguntei, num pedido de informações, e a Prefeitura informou sem dizer nada.
Mas, na realidade, há dois decretos do Sr. Olívio Dutra que impedem que ônibus
da cidade façam excursões para o interior. Porque, antes, aos domingos, se
fazia o transporte de porto-alegrenses à praia com custos mais baixos, o ônibus
saía de madrugada e no outro dia estava na linha. Mas a Administração da
Prefeitura impediu. Agora, para levar os colonos sem-terra, a Administração da
Prefeitura não hesitou, naquela oportunidade, em utilizar os ônibus da Carris,
contrariando a legislação assinada pela própria Administração. E, também, neste
momento, o apoio financeiro não encontra orçamentariamente rubrica capaz de
fazer que ele tenha sido dado. É o Sr. Abrahão Brumberg que afirma isso. Não se
encontra na história da cidade a SMAM distribuindo lenha aos necessitados da
cidade, e são muitos. E não se encontra na história da cidade, eu fui
Secretário de governo e fui Prefeito, a Epatur realizando obras, mesmo com
material reutilizável, para a Prefeitura, sem cobrar a taxa de administração.
Essas arquibancadas que aqui são contratadas, em cima do preço do contrato vai
20% para a Epatur. Agora, para os sem-terra a afirmativa é de que a Epatur
construiu os banheiros sem ônus, diferente do tratamento dado ao
porto-alegrense que, aqui, paga impostos, daqueles sem-terra que vêm muito bem
vestidos, falando um português fluente e correto e até com uma ficha criminal
bastante extensa, como aquela moça que aqui usou a tribuna e que vários
Vereadores aplaudiram. Então, eu acho que as cento e quarenta famílias russas,
lá no Tocantins, com 40ºC de temperatura agora, mas com 40ºC abaixo de zero
antes, estão dando o exemplo de que este País pode ser colonizado por
brasileiros, desde que desejem trabalhar. E acresça-se o exemplo do soldado
que, no quartel, aprendeu, com meio hectare, a sustentar uma família completa,
sem nenhum problema, lendo revistas e buscando algumas soluções na EMBRAPA.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Como o Ver. João Dib
fez uma observação envolvendo também a Mesa, sobre a Comunicação de Liderança,
quero dizer que, realmente, o Ver. João Dib tem razão de que a Comunicação de
Liderança tem que ser feita sobre matéria importante e inadiável, só que este
importante e inadiável é extremamente subjetivo, pois o que é importante e
inadiável para uma pessoa pode não ser para outra. Exatamente por isso é que
tem sido dada Comunicação de Liderança a qualquer instante, de acordo com o que
diz o Regimento. Por isso é que quando o Ver. Jocelin pediu a Liderança, a Mesa
concedeu, porque estava fazendo o mesmo que todos os outros Presidentes de
Mesa. Ver. João Dib, com todo o carinho que a gente tem por V. Ex.ª, eu sou
obrigado a prestar este esclarecimento, porque estava presidindo a Mesa naquele
instante.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, eu não
estou chamando a atenção de V. Ex.ª, mas se o Ver. Jocelin Azambuja tinha um
assunto inadiável a ser comunicado e não conseguiu fazê-lo em dez minutos, não
haveria de ser nos outros cinco minutos. Então, realmente, é uma maneira de
deixar, democraticamente, que todos ocupem a tribuna por dez minutos e, depois,
voltem, na Comunicação de Liderança. Ele deu continuidade a um assunto de que
ele estava tratando. Foi um apelo que eu fiz ao dedicado e esforçado Ver.
Jocelin Azambuja para que não mais fizesse tal coisa. Não fiz crítica nem ao
Ver. Jocelin Azambuja e muito menos à Mesa.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente,
apenas para esclarecer ao nobre Ver. João Dib, com todo o respeito que merece,
como Líder do PDS, que nós entendemos, no PTB, aquilo que seja de importância
para sua Bancada ou não e a hora de se manifestar. Se o nosso entendimento foi
de que era importante, pediríamos que, no mínimo, seja respeitado o nosso
entendimento. Isso é o que uma Casa democrática deve fazer. Para isso existe um
Regimento, que nos assegura a palavra. E se o Regimento nos assegura a palavra
e nós estamos dentro do Regimento... Não aceitamos qualquer repreensão de
qualquer Vereador. Entendemos a manifestação do Ver. João Dib inoportuna e
intempestiva, porque não cabe, nesta Casa, Vereador, este tipo de manifestação.
O livre direito de manifestação tem que ser preservado aqui dentro. E se está
dentro do Regimento, eu ocupei tempo regimental, Sr. Presidente? (Assentimento
do Sr. Presidente.) Então, muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Saudamos a presença
do Ver. Wilson Santos que, realmente, teve uma participação brilhante nesta
Casa e que, agora, vem aqui para matar a nossa saudade com a sua presença.
Muito obrigado, Ver. Wilson Santos.
Com
a palavra, o Ver. João Verle.
O SR. JOÃO VERLE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. Milton Zuanazzi abriu, hoje, o período de Comunicações
fazendo comentários sobre a discussão que esta Casa fez com relação à
proposição do Ver. Airto Ferronato sobre a questão da fome; depois, o Ver. Luiz
Braz também se referiu rapidamente sobre o assunto. E, agora, vem o Ver. João
Dib, numa manifestação, que é costumeira, contra os colonos sem terra. Só não
disse que os colonos têm terra, ou que não são sem-terra ou que têm muita
terra. Na realidade, a Administração Popular e o PT dão apoio e vão continuar
apoiando sempre a luta dos sem-terra, porque é inadmissível que um País como o
Brasil, com a extensão territorial que tem, com a quantidade de terras
produtivas, não é admissível que tenhamos brasileiros dispostos a cultivar a
terra sem ter acesso a ela. Isto tudo para preservar a sacrossanta propriedade
privada, as enormes extensões de terras desaproveitadas, os latifúndios
improdutivos que existem em nosso estado. E quando se ouve a proposta de que os
colonos sejam transferidos para outros estados como o Mato Grosso, o Amazonas,
nós temos que nos perguntar por que, se temos terra aqui em nosso estado, temos
insuficiência da produção, temos fome em nosso estado? E a agricultura, todos
sabemos, é uma das maneiras de combater a fome, talvez, a melhor. Vamos sempre
dar apoio aos agricultores e a sua presença, na capital, é para pressionar as
autoridades, para sensibilizar as autoridades, a população, os meios de
comunicação para o grave problema que vivem essas pessoas que querem permanecer
no campo, que querem produzir e não ser expulsas para a periferia das cidades,
gerando, inclusive, muita marginalidade, exigindo recursos do poder público
municipal, das grandes e médias cidades. A presença desses agricultores no
Parque Farroupilha não causou nenhum transtorno, nenhum problema para o Parque
ou para a cidade ou para a população. O local foi ocupado e foi entregue em
perfeitas condições. Nenhum galho de árvores foi derrubado ou danificado por
esses agricultores, que utilizaram árvores que foram derrubadas pelas
intempéries mesmo, o vento e a chuva as tinham derrubado. Portanto, não
aceitamos a crítica. Talvez, a manifestação pouco feliz de um assessor do
Secretário de Governo dizendo que o Município estaria dando apoio financeiro.
Na realidade, se deu todo o tipo de apoio logístico, toda a infra-estrutura
necessária para que esses colonos tivessem as mínimas condições de permanecer
por algum tempo em nossa capital.
Quero,
também, me referir à manifestação do Ver. Luiz Braz, que procura encontrar
contradição na posição política do PT e da Administração Municipal de Porto
Alegre. Nós defendemos, sim, o reajuste mensal de salários. Eu pergunto: o PTB
também defende? Defende. Todas as prefeituras administradas pelo PTB dão
reajuste mensal? Repito: Todas as prefeituras administradas pelo PTB dão
reajuste mensal? Não dão! Então, meus amigos, eu acho que o que se quer,
talvez, como faz a grande imprensa, dizendo que o PT é o único coerente, pois
vamos mostrar que ele também não é coerente, porque os outros não o são.
Esta
aparente contradição tem que ser bem esclarecida. Nós defendemos o reajuste
mensal. Agora, eu pergunto por que temos que implantar em todas as nossas
Prefeituras, começar por elas, num Projeto demagógico apresentado pelo Ver.
Luiz Braz?
Na
realidade, nós temos que adaptar a situação do Município à situação nacional.
Nós temos que defender, porque quem emprega mais gente neste País, não é a
Prefeitura de Porto Alegre, não é o Poder Público, é a iniciativa privada, são
as empresas particulares que transferem todos os seus custos aos preços dos
produtos, e esse reajuste mensal não é inflacionário, e pode, portanto, ser
suportado por essas empresas que têm mecanismos de reposição parcial das perdas.
Nós não podemos forçar a que um Município, irresponsavelmente, coloque toda a
sua receita no pagamento de pessoal, quando, aqui mesmo, nesta Casa, se faz
grandes movimentos para reduzir a receita, reduzindo, como aconteceu no ano
passado, 25% da receita do IPTU residencial. Então, se faz dois movimentos: o
primeiro: reduzir a receita; o segundo: aumentar a despesa. Para que? Para
beneficiar a população? Então, beneficia a quem? Aos grandes proprietários, que
pagam menos IPTU, e aos Municipários, que são uma parcela de trabalhadores da
cidade. Mas, e os outros? Não são trabalhadores na sua maioria? E não
necessitam de obras, de serviços de boa qualidade?
Nós
temos que compatibilizar e administrar os recursos escassos, distribuindo. E a
política salarial da Prefeitura de Porto Alegre não é, necessariamente, a
melhor do país, mas é uma boa política salarial. Muito melhor do que a da
maioria das Prefeituras deste País, que a da União e do Estado, logo, não
façamos demagogia em cima de uma aparente contradição.
Se
o reajuste mensal for aprovado, como eu espero que seja, certamente será, no
Congresso Nacional e sancionado pelo Presidente da República, ele gerará efeito
sobre a receita do País, que vai, quem sabe, propiciar até que os Municípios
tenham melhor receita, e possam adaptar-se a esta política, e que se façam as
transformações sobre a política salarial, que contemple estas modificações que
estão sendo negociadas, que serão votadas, como, aliás, o Prefeito Tarso Genro
já manifestou, é a posição dele, da bancada e do partido. O que acho é que não
é correto vir aqui fazer um pronunciamento que não tem respaldo na verdade dos
fatos. E que dentro do próprio partido daquele que denuncia a situação não é
diferente. Acho que a coerência é muito importante e precisamos mantê-la.
O Sr. Jocelin Azambuja: V. Ex.ª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. João Verle, talvez em outros
municípios não foram apresentados projetos porque lá talvez não tenham
Vereadores atuantes e dinâmicos como o Ver. Luiz Braz. Claro que o bom é que os
representantes do PT nas Câmaras de Vereadores tivessem apresentado projetos.
Então, realmente não aconteceu isto. Mas, dizer que o projeto do Ver. Luiz Braz
é demagógico, é lamentável. Não pode ser considerado demagógico, e só podemos
agradecer a ele por ter apresentado projeto desta natureza, pois só nos realiza
como representantes do povo na Casa. Como o nobre deputado Paulo Paim fez lá.
O SR. JOÃO VERLE: Ele o fez porque tem
competência constitucional. E se Vereadores do PT não o fizeram em outras
Câmaras foi porque não quiseram ser demagógicos, nem atropelar a Constituição,
nem a Lei Orgânica. Porque todos sabemos que a política de pessoal é de
responsabilidade e de iniciativa do Poder Executivo.
Quero
também dizer ao Ver. Luiz Braz que contradições que ele vai buscar sobre a
questão da passagem? Nós fizemos a campanha de 88, fundamentalmente, em cima da
questão dos transportes. E no ano de 89 a passagem de Porto Alegre foi a mais
baixa de todo o País. Depois se fez uma reformulação porque se constatou que a
população queria transporte bom, também, e não apenas uma tarifa baixa. E foi
preciso renovar a frota. E hoje é bom que se diga que a Administração Popular
de Porto Alegre está encabeçando a luta nacional da redução da tarifa, e disso
pouco se fala aqui, acho que é importante também dizer.
E
sobre a outra história de dizer que o PT defende redução de impostos quando
está na oposição e que defende aumentos quando está no governo, não é verdade.
Traga-me, V. Ex.ª, qualquer prova, porque daí me rendo. Porque a gente tem que
ser coerente em relação à questão.
O
que temos que discutir é o seguinte: cobrar mais impostos para quem pode pagar
mais e reduzir para quem pode pagar menos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o
Vereador Guilherme Barbosa.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, esta Casa aprovou o Relatório do Vereador Luiz
Negrinho, sobre a recuperação dos viadutos da nossa Cidade. Naquela ocasião eu
disse que se aprovado o Relatório, nós estaríamos cometendo um ato muito duro,
muito equivocado. Ele estava baseado, principalmente, em outro Relatório feito
por dois profissionais desta Casa que estiveram no Seminário do CREA. Eu disse,
também, naquela ocasião, que aquele Relatório executado, era um Relatório de um
Seminário que não aconteceu, colocando fatos que lá não existiram e omitindo
afirmações, Vereador Milton Zuanazzi, que se interessa pelo assunto, colocando
fatos que não aconteceram no Seminário e omitindo afirmações que lá foram
ditas. Disse que nós tínhamos que ter esperado a posição oficial do CREA sobre
o assunto, para não cometer o equívoco que a Casa cometeu. Pois bem, os
engenheiros devem estar recebendo em casa o jornal do CREA, que traz um relatório
oficial do Seminário que aconteceu no Conselho, trazendo todas as palestras que
aconteceram lá e um texto escrito pelo Engenheiro Tesoureiro Nelson Elves de
Souza do CREA. Pois leio um pequeno trecho do texto do Engenheiro Nelson que
diz o seguinte: “Neste sentido o método desenvolvido pelo Leme da UFRGS, que é
o laboratório que está fazendo o estudo e elaborando os Projetos e que foi
motivo de muita discussão através dos jornais de Porto Alegre, deu uma grande
contribuição, pois sua apresentação no Seminário mostrou-se um trabalho inédito
no País, sério, criterioso, de muita pesquisa, seguindo as especificações na
INBR nº 9452, bem como os conhecimentos mais atuais sobre o assunto.”
Se
vocês pegarem o relatório elaborado pelos dois profissionais desta Casa e
compararem com isso que foi dito, vamos ficar estarrecidos, mostrando que
aquele relatório foi tendencioso, um relatório que falta com a verdade, de
pessoas que foram lá com um único objetivo: qualquer coisa que fosse dito no
Seminário do CREA, a versão que deveria ser trazida à CUTHAB era outra.
Então
recomendo e vou tirar cópia para aqueles Vereadores que queiram ler o que está
escrito aqui e comparar com o que se aprovou e o relatório elaborado pelos
profissionais desta Casa. É uma vergonha!
Quero
também ocupar este espaço para retornar a um assunto que já abordei em outra
ocasião. Eu tenho dito que a publicidade dos órgãos do poder público é
inclusive uma obrigação e defendo que isso seja feito, depende de como do que
se publica, se leva ao conhecimento do público. Pois bem, a CEEE, a nossa maior
empresa do Estado, passa por dificuldades financeiras, isso é dito por todos,
inclusive pelo seu Presidente, mas continuamos pagando publicidade - e aí
publicidade e propaganda - de coisas que não têm absolutamente nada a ver com
as atividades da Companhia Estadual de Energia Elétrica. Pagamos campanha -
para os Srs. Vereadores terem conhecimento - a CEEE pagou campanha de “política
prisional do Estado”, pagou agora em abril, 114 milhões de cruzeiros; pagamos campanha
de “maior qualidade de vida”, 102 milhões de cruzeiros; campanha da “melhoria
da qualidade de ensino”, 101 milhões de cruzeiros; Campanha “Institucional da
prestação de Contas do Governo Collares”, cento e cinqüenta e seis milhões de
cruzeiros; Campanha “Institucional para a Redução do ICMs”, trinta milhões -
baratinha, essa, comparando com as outras - só que 25% da conta de energia
elétrica é ICMs e não volta nada para a CEEE. Diferentemente do Governo do
Paraná, por exemplo, onde se tem uma situação da Companhia, da COPEL, no
Paraná, que é a melhor Companhia, hoje, considerada no País, situação
financeira muito boa, lá o Estado além de reverter todos os 25% cobrados na
conta de energia elétrica ainda injeta mais recursos na empresa. Campanha “Quem
Deve e Não Nega Paga com Negociação”, 90 milhões de cruzeiros; Campanha
“Preserve o Turista” - vejam só, a CEEE pagando campanha para tratar bem o
turista - 287 milhões de cruzeiros. “Mais de mil obras em dois anos”, 2 bilhões
261 milhões de cruzeiros, a CEEE pagando. Campanha “Balcão de Negociações”, de
novo, cento e vinte milhões; Campanha “Festa das Regiões”, cento e cinqüenta e
dois milhões de cruzeiros, isso dá, no ano passado, mas foi paga em abril, 3
bilhões 708 milhões de cruzeiros e mais, esse ano, “mais de mil obras em dois
anos” - então, comemorando os dois anos do Governo Collares - mais 2 bilhões,
dando um total de 5 bilhões 831 milhões de cruzeiros. Há dificuldade financeira
da Empresa, sim, mas não se pode admitir uma coisa como essa! Vejam, Srs.
Vereadores, que eu não critico a campanha que nesse momento está sendo feita
pela CEEE, explicando o aumento real da tarifa, que era necessário, ela vinha
achatada há muitos anos, sem capacidade de investimento, com risco de colapso
energético mais adiante e encaminhando uma postura de economia de energia que
todos podemos fazer em casa. Portanto, nessa campanha, os meus elogios, mas não
podemos aceitar que a empresa pague coisas como essas aqui. Não podemos
aceitar. É inexplicável que a Cia. Estadual de Energia Elétrica esteja pagando
campanhas como essas. Ao mesmo tempo se arrocham os salários de todos os
eletricitários, sem corrigir as distorções que existem. Eu tenho dito aqui que
temos que corrigirem-se as distorções salariais na CEEE. Só que arrochou a
todos os eletricitários, sem que as distorções tenham sido corrigidas e sem que
os grandes devedores da CEEE estejam pagando; nem há nenhum movimento por parte
da direção da empresa nesse sentido. Portanto, fica essa denúncia: não dá para
aceitar campanhas como essa, que nada têm a ver com a atividade da empresa.
O Sr. Milton Zuanazzi: V. Ex.ª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) A título de conhecimento de V. Ex.ª,
existe uma ordem de serviço de todos os governadores, inclusive do Governador Collares,
no início da gestão, que pega as verbas publicitárias de todos os órgãos do
estado, e 40% delas chamam-se verbas de contingência. São centralizadas na
Secretaria de Imprensa no Gabinete do Governador e utilizadas ao interesse do
Governo. Claro que vão aparecer na conta da CEEE, da CRT, da CORSAN, mas são de
contingência. E a Lei parece que permite que essa verba publicitária que não é
utilizada pelo Presidente da CEEE, seja ele quem for, seja do PDT, do PT, do
PMDB, seja utilizada pelo governo como política de governo. Eu já vi V. Ex.ª
tratar desse assunto várias vezes e talvez V. Ex.ª não tivesse esse
conhecimento, que é importante.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Eu já tinha
dito que V. Ex.ª tem razão, Ver. Milton Zuanazzi, só que a fatura quem paga é a
CEEE. Na nossa Administração também funciona de forma semelhante, mas as
faturas que chegavam no DMAE eram coisas ligadas à campanha do saneamento, como
nós fizemos algumas, mas ligadas ao saneamento. Não podem sair da arrecadação
da empresa, que é pequena ainda, os gastos para necessidades de investimento no
Estado em energia, para pagar campanha de agasalho e prisional, coisas dessa
ordem, não podemos aceitar isso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Gerson Almeida.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada, quero fazer um registro de que hoje se completa o centenário de nascimento do poeta maior Maiakovski, um dos poetas mais brilhantes, que foi contemporâneo de um dos mais fascinantes eventos deste século, que foi a Revolução Russa, no início do século, e que deixou na sua poesia uma marca, que é o registro dos poetas maiores, que é a longevidade, ela não está associada a um período, a uma época, ela transcende, e até hoje se torna muito atual, e portanto cabe este registro, e hoje algumas entidades ligadas à cultura farão atividades que marcarão esta data.
Os jornais de hoje também trazem um registro que quero fazer de que quando um assunto começa a ser discutido nos bares, nas ruas, nas esquinas, este é um assunto que de fato veio para ficar, e segundo o Governador Collares, a sucessão ao Governo do Estado já ganhou as mercearias, logo, este é um tema que agora fará parte do dia-a-dia dos gaúchos interessados na política.
Feitos
estes registros, eu queria me referir a que talvez uma das únicas lideranças
nacionais que tenha falado de pronto, e por isso paga um certo preço, não
contra, mas se referindo às medidas anunciadas pelo Ministro da Economia
Fernando Henrique Cardoso, não com a emoção e com aquele crédito direto de toda
a mídia, e muitos outros setores nacionais deram, muito mais manifestando uma
vontade do que propriamente uma convicção de que aquilo que apresentava não era
um plano, era um conjunto de intenções que ainda poderiam se traduzir num plano
econômico, esta declaração do Lula foi criticada nacionalmente e, na verdade,
matérias de lá para cá, especialmente a matéria da “Veja” desta semana,
demonstram a realidade do orçamento da União, que ia ser diminuído em 6 bilhões
de dólares. A rigor, aquele Ministro que anunciou cortes apresentou no
orçamento, com seu aval, mais despesas, ignorou o fantasma da dívida interna,
que era, segundo suas palavras, um dos problemas que deveriam ser duramente
atacados. Desmantelou o plano de obras do governo e, basicamente, o plano
social, que têm uma incidência direta na melhoria da qualidade de vida de
várias cidades e populações. E, para não fugir à regra dos últimos anos, na
verdade, os únicos cortes que houve foram na área social, já referidos pela
Ver.ª Maria do Rosário, o que não vou repetir, só lembrando um detalhe: o corte
no orçamento da Aeronáutica, por exemplo, da Marinha, ele é zero, ou seja, não
foi cortado um único cruzeiro. E, pelo que eu saiba, não estamos na iminência
de nenhuma dificuldade junto à Marinha ou Aeronáutica que justifique que, num
esforço nacional para contenção de gastos públicos, não seja cortado nenhum
cruzeiro. Mas, no bem estar social foi cortado 43%, no transporte 21% e na
educação 25%; portanto, me parece que a Marinha e a Aeronáutica continuam sendo
prioridades no Governo Itamar, muito mais do que a educação, transporte e
outras coisas. É importante fazer esta referência a Fernando Henrique Cardoso,
ao seu suposto plano econômico - já que não existe plano econômico -, isso o PT
tem dito desde o primeiro momento, nós ainda estamos à espera de medidas
econômicas que aplaquem essa recessão profunda, essa inflação em que vivemos.
Nesse bojo, estamos discutindo reajustes mensais de salários. Uma proposta que
tem o compromisso orgânico e umbilical do Partido dos Trabalhadores numa
inflação de 30%. Partido que desde que chegou à Prefeitura de Porto Alegre tem
procurado fazer um esforço muito grande, ninguém desconhece isso, mesmo os mais
ácidos críticos da Administração Popular, para recuperar duas coisas: aquela
sucata que nós pegamos em 88, que era a Prefeitura de Porto Alegre e
transformar numa administração, e aumentar e tratar com respeito e dignidade os
servidores públicos municipais, que são fundamentais para qualquer político,
qualquer projeto político, qualquer administração. Sustentado neste binômio,
tem sido feito um esforço bastante grande, inclusive um esforço que tem
contado, aqui nesta Câmara, também com a crítica de alguns setores quando se
trata de ampliar a capacidade de receita, que o nosso Líder da Bancada muito
bem colocou e é nesse terreno autoridade conhecida no Município, portanto
também não vou navegar nessas águas em que não domino tanto quanto o Vereador.
Agora, essa relação nos parece, independente das críticas, das divergências que
possamos ter com nossos adversários políticos, com municipários em alguns
momentos, que exige respeito, diálogo e debate para criticar, porque achamos
que não está bem; agora, não se pode dizer que administração popular voltou as
costas a compromissos históricos e contemporâneos do Partido dos Trabalhadores
em relação a um bom relacionamento com o servidor público municipal e com o
conjunto dos trabalhadores da Cidade e do País. Acho que essa é uma crítica que
quase escorrega na leviandade, quando é feita. Não estou me referindo ao Ver.
Jocelin, evidentemente, mas quero recuperar isso porque assim poderemos
discutir com seriedade. Agora, se quisermos fazer disso um cavalo de batalha e
fazer um projeto de reajuste mensal, de uma Câmara Municipal o divisor de águas
entre bons e maus na questão salarial, aí precisamos discutir. Logo, nós, como
um partido que defendemos e achamos que isso é o que divide águas, devemos
fazer com que isso seja norma no conjunto das administrações que dirigimos, que
estamos à frente. Se isso for, realmente, um divisor de águas. Acho que o Ver.
Luiz Braz, que não se encontra no momento no Plenário, escorregou hoje nesse
terreno que é fácil, acho que é o mais fácil de escorregarmos quando estamos em
discussão desse tipo. Quero deixar claro, inclusive uma coisa que me toca
pessoalmente, muito, tenho 34 anos, 17 anos ligados a lutas populares, ao
movimento democrático, quero dizer que um cartaz que está circulando, por
iniciativa do Sindicato dos Municipários, da diretoria do Sindicato dos
Municipários, da diretoria do Sindicato, acho que é legítima porque foi eleita
pela maioria, portanto não me cabe aqui estabelecer qualquer crítica a sua
legitimidade e é uma Diretoria que deve ser reconhecida como tal. Eu quero
fazer um registro de público de que eu não aceito a forma como foi tratada a
Bancada do Partido dos Trabalhadores. Não falo em nome da Bancada porque não
tenho credencial para isso, mas quero dizer que, pessoalmente, a partir daquele
momento, coloco a direção do SIMPA como uma diretoria, não vamos confundir
diretoria com a entidade e tão pouco com a categoria, que não se dá o respeito
porque não trata com respeito as divergências e as contrariedades. Quando
coloca que a Bancada dos Trabalhadores é traidora dos trabalhadores, ela comete
uma infantilidade política, uma irresponsabilidade sindical, enfim, ela cai num
terreno que não é mais o terreno do debate sindical, não é mais o terreno da
divergência dura, aceita, porque já houve greves durante o governo Olívio, já
houve paralisações agora e houve divergências, dureza no trato. Agora, houve
sempre um respeito à direção do sindicato, à categoria, portanto, me parece que
naquele momento, a partir da caracterização de traidores, bom, com traidores
não se senta a uma mesa, não se discute e eu quero declarar que não sento mais
em qualquer mesa que tiver qualquer diretor da atual diretoria do SIMPA, exceto
se retirar esse tipo de questão. Quero colocar que, embora se diga que com a história
não faz futuro, mas ninguém nesta Câmara e tão pouco na diretoria do SIMPA
liderou mais greves do que eu e de qualquer Vereador do Partido dos
Trabalhadores possivelmente. Então, eu quero deixar claro que não aceito esse
tipo de questão e isso corta a possibilidade de diálogo e de respeito mútuo. Eu
quero realçar que, mais uma vez, não confundo a diretoria do SIMPA com a
entidade e tão pouco com a categoria dos municipários. Quero dizer que me
dirijo aos promotores daquele tipo de sindicalismo amarelo, esse tipo de
sindicalismo que usa a categoria como biombo para enfrentar os seus interesses
particulares e egoístas de corrente política, coisa que me parece nefasta ao
movimento sindical, nefasta a toda categoria, nefasta ao movimento dos
trabalhadores. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Clóvis Ilgenfritz.
O SR. CLÓVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, eu rapidamente queria fazer análise de alguns assuntos, até
porque é uma obrigação nossa que estamos envolvidos nesse assuntos, e mesmo
sendo uma espécie de formalismo, para constar nos Anais, porque nó Plenário só
estão 3 Vereadores, nós temos que fazer. O primeiro já foi citado, com muita
propriedade, pelo Ver. Gerson Almeida, e, em especial, pelo Ver. Guilherme
Barbosa: a questão da FUNDATEC. Queria deixar só um depoimento aqui e que o
assunto, no nosso entender, não teve o melhor encaminhamento, inclusive, não
houve, por parte do Ver. Luiz Negrinho, que era Relator da matéria, e do Ver. Mário
Fraga, Presidente da Comissão, por parte desses Vereadores da CUTHAB, a
Comissão a qual eu pertenço, o cumprimento de uma proposta feita por eles em
especial, pelo Ver. Luiz Negrinho, que é o Relator da matéria, ao Secretário
Municipal de Obras e Viação, Estilac Xavier. E, no momento em que nós
conversamos com o Ver. Luiz Negrinho, Mário Fraga, eu, os outros dois
Vereadores da Comissão já não estavam mais, mas nós ainda tínhamos número para
reunir; o Ver. Lauro Hagemann e Pedro Ruas já haviam saído. Eles mesmos – Luiz
Negrinho e Mário Fraga – propuseram que o assunto da FUNDATEC tivesse um prazo
a mais para poder ser revista uma posição, em função de oito horas de fitas
gravadas de um Seminário, de altíssimo nível, feito no Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul. Algumas pessoas
especializadas falaram exaustivamente sobre a questão que envolvia as obras de
arte em geral e os cuidados que a atual Administração está tendo com as obras
de arte, os viadutos, túneis e etc. da cidade de Porto Alegre. Hoje, já chega
às nossas mãos o Jornal do CREA com todos os detalhes daquilo que estava sendo
solicitado por nós, aos Vereadores da CUTHAB, em especial o Ver. Luiz Negrinho
e ele mesmo propôs que iria retirar o processo, parecer, iria utilizar o mês de
julho para fazer uma discussão aprofundada sobre o assunto e voltaria com o
parecer em agosto, confirmando ou modificando o seu parecer. No entanto, na
hora da votação, para surpresa nossa, ele retirou aquela posição e resolveu colocar
em votação o parecer. Acho para ele não foi bom, pois ficou essa marca e porque
o relatório não está se referindo a certas questões que são fundamentais num
processo. Se for para o Judiciário, ele terá que recorrer a provas que não tem
e, ao mesmo tempo, terá que se retratar sobre coisas importantes que deixaram
de ser colocadas no relatório.
Outra
questão que eu gostaria de abordar é o fato de os funcionários municipais
estarem colocando os Vereadores do PT em um cartaz, chamando-os de traidores.
Essa é, no mínimo, uma contradição dessa Diretoria, que, no nosso entender,
está colocando a questão político-partidária na frente de qualquer outro
interesse dos funcionários municipais. Nós, ao sermos derrotados nesta Casa por
um projeto de lei do Ver. Luiz Braz, reconhecemos a derrota, mas tivemos que
cumprir uma determinação do Executivo Municipal, pois tinha a obrigação de
cumprir a legislação e considerar o projeto do Ver. Luiz Braz, sem entrar no
seu mérito, pois concordamos com os reajustes mensais em todo o Brasil. Tanto é
que o PT, por decisão nacional é quem vem defendendo essa política, com o apoio
de outros partidos e que tem como representante maior o nosso Deputado gaúcho
Paulo Paim, o que muito nos orgulha. Essa nossa posição, que enfrentou uma conjuntura
sob o aspecto legal e uma conjuntura de processo de discussão aqui em Porto
Alegre e a nossa posição nacional. Portanto, nós não admitimos e consideramos
uma covardia daqueles que estão publicando o nosso nome. Eu jamais vou ter
problemas com esse tipo de publicação, mas acho que é uma covardia, um baixo
nível que o sindicalismo brasileiro não merece, porque estamos lutando por uma
posição que seja realmente representativa da maioria, e ali são meia dúzia de
pessoas que confundem o sindicato com um partido político, agindo com
revanchismo para cima de nós que não fizemos nada contra esse pessoal.
O Sr. Artur Zanella: V. Ex.ª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria dar um aparte ao Vereador que o
antecedeu, eu achei que ele tinha gostado era da fotografia. Eu só estranho,
Vereador, é que quando a nossa fotografia saiu, a minha, Ver. Luiz Braz, etc.
que nós votamos aquele sábado inglês, saiu a nossa fotografia, e pior ainda,
dizendo que nós tínhamos sido subornados pelos empresários. E grande parte da
Bancada do PT colocou nas suas portas a nossa fotografia, coisa que nós não
fizemos, não vi nenhum Vereador fazer isso agora. E até ia me solidarizar com
V. Ex.ª porque aquilo foi uma agressão. Agora, quando a nossa fotografia saiu,
a maioria da Bancada do PT colocou em suas portas, para que todo mundo pudesse
ver.
O SR. CLÓVIS ILGENFRITZ: Eu só queria deixar claro que não foi iniciativa da Bancada e nem do Partido. Por lado eu queria deixar aqui a outra preocupação, até falei há poucos minutos com o Presidente em exercício da Casa, Ver. Luiz Braz. Nós ao fazermos um Ofício, um Requerimento ao Presidente da República, que depois, por um excesso de zelo da legislação, as preocupações que não dá para entender do Ver. Dilamar Machado num momento tão importante da Nação, nós acabamos não mandando, pedindo que o Requerimento fosse feito não ao Presidente da República, mas ao Congresso Nacional e ao Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. E a minha preocupação é porque o assunto aprovado por unanimidade neste plenário passou a ser um processo da Casa. E eu tenho certeza porque foi unânime e conscientemente, nós Vereadores de Porto Alegre, como toda a população de Porto Alegre, do Estado e do País temos interesse em descobrir o que está por trás desta “caixa preta”, desse mistério do aumento freqüente dos combustíveis sem explicação nenhuma. E passou a ser, Ver. Luiz Braz, nosso caro Presidente, e Vereadores, um assunto importante. Hoje fui procurado pela Rádio Gaúcha, pelo repórter Lauro Quadros, que me entrevistou, e ele deu a dimensão que, aqui na Câmara, algumas pessoas ficaram em dúvida se deveriam fazer ou não. Ele disse que nós estamos fazendo uma coisa que poderá resultar num processo nacional de mudança de rumo desta política funesta que está sendo levada assim sem nenhuma explicação, a nível do aumento permanente, quase quotidiano, quinzenal. É o único lugar do país que tem aumento quinzenal, oficial, dos combustíveis. Então acho que a nossa Câmara Municipal assumiu perante a Nação, e não somente para Porto Alegre, uma tarefa que nós devemos levar até o fim, até as últimas conseqüência. Nós queremos que o Ministro Fernando Henrique Cardoso nos mande oficialmente a resposta a estes quesitos e também que o Presidente da Câmara e o Presidente do Senado, nos respondam. Acho que nós temos direito a isso. É uma função nossa, como políticos, como Vereadores, e como pessoas que estão colaborando para esclarecer a opinião pública e para mudar a face da inflação que é insuportável em nosso País.
Num
próximo momento eu vou voltar à tribuna e me referir à espetacular, retumbante
e gloriosa vitória do Professor Paulo Egon na eleição recentemente realizada no
CPERS. Acho que foi a sabedoria dos professores que prevaleceu nesta vitória.
Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência quer
informar, dado que o assunto foi trazido a este Plenário, que nós proibimos a
Diretoria do Simpa de fixar os cartazes ofensivos a Vereadores desta Casa nas
dependência desta Câmara. Eu acredito que seria o mínimo que nós poderíamos
fazer em defesa da honra daqueles que militam aqui, nesta Casa, e que
representam toda a sociedade de Porto Alegre.
Com
a palavra, o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, uma pena que não tenham proibido na outra vez a farta
distribuição, que não era nem do Simpa, era do Sindicato dos Comerciários.
Mas,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, antes tarde do que nunca. Agora, dois assuntos
me trazem aqui. O primeiro, Ver. João Verle, é que, finalmente, foi publicado o
Ato exonerando o Assessor Jurídico Hegel Marcos Gomes da Silveira. Como
imaginava, Sr. Presidente, um ato assinado no dia 1º de julho. E diziam que
tinha sido assinado no dia 7 de junho. Não, o ato está aqui, ato nº 847, de 1º
de julho de 1993, retroativo ao dia 4 de junho, quando nem se sabia se ele era,
efetivamente, o assassino. O PT consegue ser mais rápido que a polícia, que as
pessoas que descobriram até o corpo da moça, porque não havia nem sido
descoberto o corpo da moça e ele já estava exonerado. Isso é o mal, Ver. João
Verle, de fazer as coisas com data retroativa e fraudando a população. E
apareceu mais um fraudador, aqui, o Ver. José Valdir, está aqui o pedido do
Ver. José Valdir, em 1º de janeiro de 1993, dizendo que ia assumir o cargo de
Diretor-Presidente da Fesc; não assumiu o cargo de Diretor-Presidente da Fesc,
não assumiu o cargo, não é Diretor-Presidente da Fesc, não é, nunca foi. Assina
como Diretor-Presidente da Fesc, assina cheque como Diretor-Presidente da Fesc
e não é Diretor-Presidente da Fesc, e nunca foi. Talvez seja um dia, o dia em
que ele for Secretário da Educação do Município, é claro.
O
“Correio do Povo”, de hoje, fala sobre o Sr. Hegel, diz que ele matou, porque
tinha sido ofendido pela sua namorada que o chamou de “socialista hipócrita”, e
a moça o agrediu com um tapa e ele deu 3 tiros na moça. Então, se nota que é
uma pessoa que merecia ficar mesmo 28 dias após o crime como funcionário da
Prefeitura.
Mas,
o outro assunto é que hoje também se anuncia um despejo na Lomba do Pinheiro. A
Prefeitura entrou na Justiça contra cento e vinte e cinco famílias, na Lomba do
Pinheiro, que é uma área de preservação ambiental permanente. Eu acho que a
Prefeitura efetivamente tem que zelar por terras de preservação. Não é o que
faz a mesma Prefeitura, Departamento Municipal de Habitação, com a praça
Paraguassú, no Bairro Espírito Santo. Aqui há um parecer da SMAM, dizendo que
essa Praça se enquadra na existência de risco natural agravado pela presença
das casas. “E cabe salientar - diz a SMAM - que mesmo sendo definido como não
imediato, o risco existe e tende a agravar-se na medida em que passa o tempo”.
Praça Paraguassú, no Espírito Santo. E diz a SMAM, ainda, que “encaminhou um
levantamento de custo para eliminação do risco geotécnico, pressupondo a
remoção das moradias”, coerente com a nossa posição externada anteriormente.
Essa praça é um bem de uso comum. O direito a essa praça foi vendido aos
moradores quando do loteamento. Quando uma pessoa compra um terreno de um
loteamento, está lá inserido o seu direto a um percentual sobre praças e um
percentual sobre escolas. Isso não pertence à Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, não pertence àqueles moradores, mas pertence à cidade, por isso é que é
bem de uso comum. Por isso, esse é um assunto que há anos rola em tudo que é
lugar, a Prefeitura está cansada de saber que é uma irregularidade, que é uma
ilegalidade, que é um risco tentar manter essas pessoas nesse local. O Sr.
Corbelini, baseado em lei aprovada por esta Casa, pretende, como Diretor do
DEMHAB, lotear a praça ou parte dela para as pessoas que lá estão. O Projeto
que nós aprovamos aqui era para áreas de bem dominiais do Município, isto é,
terrenos do Município em que lá, por algum motivo ou outro, as pessoas devessem
permanecer. Isso aconteceu, com o nosso apoio, na Vila Planetário. Só que
aquilo não é uma praça, a Vila Planetário não é uma praça. Agora, essa é uma
praça. É bem de uso comum. Estou encaminhado requerimento a esta Casa, para que
ela se dirija aos órgãos competentes para que esta situação seja definida e que
não se coloque lá recursos públicos para urbanização de uma área que é uma
praça dos moradores. É uma praça não só dos moradores próximos, mas dos
moradores da cidade, pois é um bem de uso comum.
A área tem riscos, fruto desse alerta da SMAM. A Prefeitura Municipal de Porto Alegre, é difícil quantificarmos, mas será identificado, já paga indenizações por pessoas que morreram em acidentes com árvores, porque a Prefeitura não as retirou. Esse é outro problema pelo qual seremos responsáveis. Esse é um dos casos em que a Prefeitura será alertada. Está sendo alertada, neste momento, oficialmente, de que essa é uma área de risco, é uma área de praça, e que ela não pode, utilizando-se de uma lei que nós fizemos, aqui, a seção de uso real para aqueles que tem condições. A lei era bem definida, colocava quais eram as pessoas que tinham essas condições. Terreno da Planetário, tudo bem, um loteamento que o DEMHAB tenha feito, e que esteja inadequado, tudo bem. Agora, esta é uma praça que tem riscos, que tem problemas e a Prefeitura é responsável, primeiro, desde que recebeu esse parecer da SMAM; segundo, desde que identificou o problema, e terceiro com esta manifestação que vou colocar - vou pedir uma cópia autêntica das notas taquigráficas, encaminhar para o Ministério Público, porque eu não quero ser conivente, se acontecer alguma coisa com essas pessoas que estão bem identificadas. Tem, aqui, um levantamento do DEMHAB, de quanto tempo estão lá, o nome das pessoas. O DEMHAB está sabendo, perfeitamente, dessa situação. Está sabendo que a SMAM, desde o tempo do Ver. Caio Lustosa, desde aquele tempo ele já alertava a Prefeitura, isso é irregular, tem perigo, tem problema. O Ver. Gregol foi para lá agora, sabe da história, espero que o nosso colega, que é Vereador, eleito pelo povo, não arrisque o seu bom nome de homem público, não arrisque a sua carreira política, seu nome de administrador, de pessoa humana numa aventura a que ele está sendo levado pela Prefeitura, pelo Departamento Municipal de Habitação. Eu conheço bem como é que funciona, porque eu fui 5 anos diretor do DEMHAB, sei exatamente como é que funcionam essas coisas, só que nunca, jamais, eu imaginei, sonhei em urbanizar uma praça, praça essa já identificada como de caráter perigoso o seu terreno.
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, esta é a manifestação no dia de hoje, esperando
que não se faça uma arbitrariedade que é um perigo para as pessoas que lá
permanecerão e é um perigo também para os administradores que autorizarem uma
agressão a um bem comum desta cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou expor, mais uma vez, um tópico da nossa apresentação de uma proposta de combate à fome, até em função das exposições que foram perfeitas e muito boas, do Ver. Milton Zuanazzi, à exceção de um item. Eu gostaria de dizer que nós estamos propondo que se institua, aqui, na Câmara Municipal, um comitê de combate à fome. E sendo um comitê de combate à fome formado por Vereadores do Município de Porto Alegre, eu entendo e apelo à Casa que este comitê se institua o mais rápido possível e que não se espere pelo final do recesso, até porque o nosso Regimento Interno diz que não se forma Comissão Especial no recesso. Gostaria de registrar, mais uma vez, que não se trata de uma Comissão Especial, mas, sim, de um comitê aprovado pelos Vereadores de Porto Alegre. Peço aos Vereadores que indiquem, com a maior brevidade possível, os Vereadores que irão fazer parte deste Comitê. Este Comitê vai apresentar propostas concretas, vamos discutir estas propostas e uma vez aprovadas pelo Comitê, elas serão encaminhadas aos organismos competentes.
Eu
não acredito em Campanha Nacional de Combate à Fome em que se pense em
milagres, coisas extraordinariamente grandes. Eu acredito nas coisas simples e
pequenas e acho que com um mutirão de coisas simples e pequenas se atingirá
muito mais pessoas do que se ficarmos pensando em nível nacional todo o
problema. Nós não podemos falar como Deputado Federal, como Presidente da
República, nós somos Vereadores de Porto Alegre, e como tal devemos agir. Não
adianta nós, no Comitê, e nós aqui na cidade, discutirmos as causas da miséria
e da pobreza, porque todos sabemos quais são as causas da miséria e da pobreza.
Quando se fala em pobreza, eu tenho ouvido falar no salário de 60 dólares, que
não sei onde é “x” dólares, que no Paraguai é 180 dólares, claro que este é o
problema. Agora, é um problema que nós, Vereadores de Porto Alegre, não temos
competência para decidir. Entendo que são necessárias ações concretas. Feito
isto, digo o seguinte: o Comitê vai ter, sim, uma função especialíssima. Por
exemplo: as empresas, as igrejas, as associações comunitárias, cada secretaria
da Prefeitura, cada departamento, cada autarquia da Prefeitura deve formar um
Comitê. O que entendo por comitê? Pessoas, 5 ou 6, 4 ou 5, que centralizem
ações relativamente a este problema. Exemplo nº 1: já disse, diversas vezes, e
agora vou falar relativamente sobre isto ao Ver. Zuanazzi. Tenho 26 propostas
para combate à fome no Município de Porto Alegre. Não vai-se resolver o
problema de combate no Município. O programa nacional não vai alcançar nenhum
resultado positivo, se os Municípios também, Sr. Presidente, não participarem
ativamente. Agora, no dia dezesseis vai ter o lançamento do Programa do Estado
do Rio Grande do Sul e nós temos lá a participação da FEDERASUL, FIERGS, CDL,
UAMPA, FRACAB, Prefeitura de Porto Alegre, FAMURS, etc. Esqueceram dos
Vereadores. Eu disse em um programa na Rádio Gaúcha que se nós envolvermos os
Prefeitos - a FAMURS tem 400 - se nós envolvermos os Vereadores nesse Processo,
vamos envolver mais de 4.000 gaúchos participando, eleitos pelo povo e que têm
a maior das boas vontades, no sentido de apresentar propostas e executá-las.
Portanto, eu disse e volto a repetir, os Vereadores são importantes. Dizia o
Betinho, na semana passada ou retrasada, que havia 160 comitês de combate à
fome em todo o País e eu disse o seguinte: se nós conseguirmos fazer com que os
Vereadores formem um comitê de combate à fome em cada Município, só no Rio
Grande do Sul nós teremos três vezes mais, ou seja, bem mais de 400 comitês,
portanto, estou propondo, inclusive aos Vereadores do PMDB e de todos os demais
partidos, que formem em cada Município o seu comitê. O que é que ocorre: o
nosso País coloca fora e desperdiça alimentos, o que é um absurdo, enquanto
trinta e dois milhões de brasileiros não comem. Quando se diz que coloca fora,
nós falamos do poder privado, nas empresas, só que esquecemos que há bem pouco
tempo atrás foram colocadas fora milhares de toneladas de feijão preto, porque
o Governo Federal deixou apodrecer, então um dos grandes ou o maior
desperdiçador de alimentos é o Poder Público e claro que não é o Município, é a
União. O Município, como está próximo da pessoa, ele não faz esse tipo de
desperdício. É uma verdade sim, que há um desperdício extraordinário. Eu ouvi,
há bem pouco tempo, um comerciante, se não me falha a memória, de São Paulo,
dizer que para ele era muito mais barato e cômodo colocar fora alimentos do que
recuperar. Se é uma realidade, e é realidade que custa cara a alimentação, é a
realidade também que os poderes públicos não podem permitir que se bote fora
tanto alimento como acontece em qualquer parte deste País. E vou repetir o que
já disse aqui: em Porto Alegre, nos restaurantes, eu colocaria num restaurante,
com quatro pessoas, cinco pratos. Um para deixar ali o que não se come. Eu
tenho certeza que são alimentos que poderiam ser usados. O plano que apresento
é este: se de um lado há o desperdício e de outro não há interesse do Executivo
na solução do problema, em agilizar o processo para que não se desperdice, proponho
que as empresas, como as indústrias, os supermercados, os mercados, os
feirantes, churrascarias, açougues, etc. armazenem esses alimentos. Agora,
armazenando, como é que vai sair um razoável volume de alimentos? Distribuir
para quem, quando, onde, quanto? O que entendo? Deve o Executivo e o Município
ter um controle disso. E mais, se há, por um lado, o armazenamento por parte do
poder privado, por outro lado deve haver uma ação do poder público, no caso da
Prefeitura Municipal, recolhendo esse alimento. Eu não estou dizendo recolher
de casa em casa, como disse o Ver. Milton Zuanazzi, pois, claro, vai custar
mais cara a coleta do que o resultado. Agora, a coleta que estou propondo seria
feita nos açougues, nos supermercados, etc. Para termos uma idéia, já recebi
várias ligações de pessoas dizendo que topam o programa e que vão armazenar e
que poderão armazenar muitos quilos, algumas toneladas desde que haja a
implantação do projeto de coleta. Então, entendo que devemos coletar e
distribuir. E quem coleta e distribui? É o Executivo, o Poder Público do
Município integrado, coordenado e de forma racional, esta coleta é baratíssima
e o resultado é enorme. Eu tenho certeza de que se põem no lixo, só em Porto
Alegre, 5 mil quilos de alimentos por dia, no mínimo. E entendo eu que se
coletar de uma forma racional, nós vamos obter resultados positivos.
O Sr. Jocelin Azambuja: V. Ex.ª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador Airto Ferronato, nós
gostaríamos de nos solidarizar com V. Ex.ª, já o fizemos quando da votação,
manifestando-nos favoravelmente, a Bancada do PTB votou favorável à proposta, e
nós cremos que devemos agilizar de imediato a instalação do Comitê. Conte com a
nossa Bancada, com a indicação de representação da nossa Bancada, de Vereadores
do PTB, porque é de nosso interesse máximo que se viabilizem propostas, e
queremos encaminhar propostas a este Comitê, e concordamos com V. Ex.ª que é
obrigação das Casas Legislativas, das Câmaras de Vereadores de todos os
Municípios deste Estado se mobilizarem neste sentido. Nós, inclusive,
encaminhamos à nossa Executiva Regional manifestação neste sentido para que
também sejam incluídos na mobilização mais de 250 Vereadores do PTB.
O SR. AIRTO FERRONATO: Eu vou concluir,
Sr. Presidente, dizendo que com o Comitê formado, o que faria? Faria a
adaptação da proposta, que seria discutida pelo Comitê, e o Comitê iria
aprimorar todas as Propostas que surgissem; e estas propostas seriam
encaminhadas pelo Comitê para os organismos competentes.
Para
encerrar, recebi ligações de pessoas que querem vir na Câmara, pessoas físicas,
alguns aposentados, trabalhar no Comitê. Recebi ligações de pessoas da
sociedade querendo participar do Comitê. A UAMPA, FRACAB, o Centro Vida nos
telefonou perguntando como se formaria. Eu entendo que a Câmara deve instituir
o mais rápido possível e que se danem os recessos. Eu entendo que o momento é
agora. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Requerimento): Requeiro
a V. Ex.ª que determine a instalação do Comitê, já aprovado por esta Casa para
que agilizemos. A parte final da manifestação do Ver. Airto Ferronato não cabe,
porque estamos aqui trabalhando no recesso. Mas, requereria que se mobilizasse
neste sentido, que os partidos indicassem os representantes para esse Comitê.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Jocelin
Azambuja, informo a V. Ex.ª que o nosso Regimento Interno não prevê a formação
de comitês. O que foi requerido pelo Ver. Airto Ferronato para que o Comitê
passasse a existir foi a formação de uma Comissão Especial, porque através dela
é que vamos ter o Comitê. Sabe o Ver. Airto Ferronato, embora seja brilhante a
idéia, que temos que encontrar uma maneira de contornar o óbice, o nosso
Regimento Interno não permite instalar Comissão Especial em época de recesso.
Vencido este óbice, poderemos criar o comitê.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Mas, o Regime
Interno não nos impede de criar o Grupo de Trabalho, como o caso dos Conselhos
Tutelares, temos um grupo de trabalho que continua atuante com a representação
de todos os partidos. Legalmente temos como fazer a criação do Grupo de
Trabalho para a proposição do Ver. Airto Ferronato. E com o grupo de trabalho,
com a representação dos partidos poderíamos atuar normalmente.
O SR. PRESIDENTE: Dentro do Regimento
não encontramos amparo. O Ver. Airto Ferronato, também, como conhecedor do
Regimento sabe muito bem que não existe amparo neste momento para que possamos
constituir esse grupo de trabalho ou a comissão especial pedida por ele. Sou
parceiro do Ver. Airto Ferronato nesta idéia, acho que a fome tem que ser
combatida de todas as formas. Esta cruzada que o Betinho faz por todo o Brasil
tem que merecer a nossa solidariedade. O Ver. Airto Ferronato propõe em boa
hora que a Câmara participe. Só que o nosso Regimento Interno nos impede neste
momento de fazer com que haja este Grupo de Trabalho e esta Comissão Especial.
O SR. MÁRIO FRAGA: Sr. Presidente,
também concordo, sou parceiro do Ver. Airto Ferronato. Parece que seria
convocada a Casa para uma sessão extraordinária, uma convocação extraordinária
para apreciação de um projeto. Não poderia ser incluído nessa convocação? Seria
uma saída muito boa para nós.
O SR. PRESIDENTE: Até este exato
instante nós não temos nenhum pedido de convocação extraordinária. Mas, olhe só,
esse não é um projeto de lei, o que está sendo solicitado pelo Ver. Airto
Ferronato é a formação de uma Comissão Especial. A Comissão Especial não
poderia fazer parte de nenhum tipo de convocação ou não poderia ser instituída
no período de convocação extraordinária, o Ver. Ferronato tem conhecimento
disso. O que poderíamos fazer é que informalmente fosse constituído esse grupo,
informalmente. Se todos os Partidos entrarem em acordo que informalmente se
faça, eu darei a minha parcela de contribuição para que informalmente nós
possamos, realmente, começar esse trabalho. Agora, dentro do Regimento nós não
encontramos guarida para o pedido que é feito e que eu acredito que mereça toda
a nossa atenção.
O SR. AIRTO FERRONATO: Eu queria dizer
o seguinte: Todas as colocações de V. Ex.ª estão corretas. Informalmente é
possível e estou pensando da seguinte forma, caso o Regimento tenha óbice para
a formação dentro daquilo que prevêem as normas da Casa relativamente à
formação desse Comitê, que eu volto a dizer, não é uma Comissão, é um Comitê,
se assim não é possível, eu vou tomar a iniciativa de convidar os Vereadores
que participam, aqui, e formaremos um comitê dos Vereadores que participaram
desse momento do recesso e, depois, que se forme um outro comitê lá em agosto,
a partir do momento que terminou o recesso e ai teríamos dois. O primeiro nasce
agora, tem que nascer agora e vou dizer o porquê, a comunidade de Porto Alegre
está telefonando, pedindo, quer participar, quer sugerir e nós temos que dizer
que ainda não foi formado. Eu não vou dizer que não se formou porque o nosso
Regimento não permite agora em julho. Seria uma informação bastante temerosa em
relação à Câmara.
O SR. PRESIDENTE: Aliás, como é período
recesso, Ver. Ferronato, é a Lei Orgânica que nos proíbe.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Nobre
Presidente, parece-me que para o grupo de trabalho já existe uma jurisprudência
na Casa, já existe um grupo de trabalho atuante que independe do período de
recesso, não é previsto regimentalmente, foi um acordo das Lideranças e me
parece que foi apenas um ato da Presidência e da Mesa da Casa a criação do
grupo de trabalho para os Conselhos Tutelares. Então, dentro do Comitê poderia
ser feito um ato da Presidência e da Mesa da Casa de concordância com que as
Lideranças das Bancadas indicassem representantes. Mas não seria um ato formal,
até porque o nosso grupo de trabalho dos Conselhos Tutelares é um trabalho
inédito aqui dentro, foi uma possibilidade e continua atuante.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Jocelin Azambuja,
informalmente nós podemos fazer tudo aquilo que for para o benefício da Cidade.
De maneira formal, nós, nesse período, não podemos constituir a comissão que
daria ensejo à formação do comitê. Eu não sou contrário, sou favorável, quero
participar do comitê, só que na verdade não encontramos guarida.
O SR. AIRTO FERRONATO: São propostas
que estamos sugerindo à Mesa, até porque faço parte dela e evidentemente nós
temos que atuar de conformidade com o que dizem nossas regras.
Agora
estou dizendo o seguinte: sendo um comitê informal este que nós vamos ter que
implantar, caso não seja possível o comitê formal, não vai haver a necessidade
de que as Lideranças se manifestem, basta que Vereadores estejam dispostos a
participar, qualquer Vereador. Estão todos convidados a partir de agora.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: A sugestão,
nobre Ver. Airto Ferronato, das Lideranças, porque as Lideranças se encontram
na Comissão Permanente, acho que não custa nada, é para que V. Ex.ª dirija o
convite aos Líderes das Bancadas para que eles indiquem seus representantes.
Assim, dentro da formalidade que existe nessa Casa, ficaria mais correto, mais
adequado, e daria um respaldo melhor à criação do Comitê. Então, fica como
sugestão a V. Ex.ª a consulta aos Líderes das Bancadas, se eles querem indicar
representantes. Nós organizamos. Eu, como Líder da Bancada do PTB, já me
posiciono favoravelmente porque a minha Bancada votou favoravelmente no sentido
da criação.
Tenho
aquiescência do meu nobre companheiro de trabalho, presidindo os trabalhos e
demais Vereadores. Então a nossa sugestão é nesse sentido, de que V. Ex.ª
consulte os Líderes de Bancada.
O SR. CLÓVIS ILGENFRITZ: Só para dizer
que nós inclusive fizemos questão de assinar o documento do Ver. Airto
Ferronato, até estranhamos que nunca tenha aparecido, porque nós estávamos
juntos com isso aí. E agora queremos estar. Acho que a Câmara tem que tomar as
providências cabíveis para detonar esse processo.
O SR. PRESIDENTE: O que nós estávamos
informando é a impossibilidade da formação da Comissão Especial neste período,
que V. Ex.ª também concorda, porque V. Ex.ª também participa da Mesa. Com a
palavra o Ver. João Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, acho
que se teria duas formas de encarar politicamente a constituição e formalização
dessa iniciativa. Uma seria, rigorosamente, de acordo com o que prevê a Lei
Orgânica, e o Regimento Interno adequado a esta, que seria o Requerimento feito
pelo Ver. Airto Ferronato numa Comissão Especial. Isso seria uma forma, mas
teria outra forma que seria a organização política de uma comissão política de
Porto Alegre para esse efeito, para essa finalidade, ou seja, o combate à fome.
Esse comitê está sendo lançado nacionalmente e pelo que eu sei a orientação da
coordenação, pelo que acompanho nas entrevistas, é no sentido de que é melhor
que quanto mais comitês houver, melhor. Estou absolutamente convencido do
seguinte, que não se precisaria esperar agosto para formalizar isso, esperar
agosto seria para formalizar a Comissão Especial de acordo com o rito regimental,
isso é uma opção. Acho que é desnecessário que nós, para fazer algum tipo de
iniciativa em consonância com o movimento nacional, tenhamos que
necessariamente nos prender a essa forma regimental da comissão especial, acho
que é mais amplo, inclusive, porque envolve, na minha opinião, outras
instituições que não a Câmara, além da Câmara. Portanto é um comitê, inclusive,
se quisermos dar esse caráter mais municipal, envolve Vereadores, e aí as
bancadas vão ter que estabelecer critérios, se é um ou dois por bancada, ou se
é aberto a todos os Vereadores, ou se a Câmara Municipal é aberta,
automaticamente a todos os Vereadores e outras entidades que queiram. Portanto,
já fecho aqui com a seguinte sugestão: que se comece a discutir o lançamento de
um comitê contra a fome, a partir de uma iniciativa política da Câmara
Municipal de Porto Alegre, acho que esta talvez seja a saída para esse impasse,
aberta a todas as entidades representativas da sociedade civil, entidades
comunitárias, sindicais, empresariais, tudo, seria um ato político aqui na
Câmara, em que se lançasse o comitê contra a fome. Muito obrigado.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Telefonaram-me, o pessoal da sociedade civil, pretendendo
participar do comitê da Câmara, e eu tenho orientado, meu nobre Vereador, exatamente
o inverso: em vez de virem fazer parte da comissão de Vereadores da Câmara, que
instituam lá. Para mim é muito mais importante que essas entidades das quais V.
Ex.ª fala formem os seus comitês. Quanto mais comitês tivermos, mais organismos
pequeníssimos envolvidos diretamente com o tema. O que o comitê vai fazer?
Apresentar propostas, sugestões, idéias; o comitê da UAMPA vai apresentar
propostas; o comitê da FRACAB vai apresentar propostas, e a Associação de
Moradores. Uma coisa grande vai se tornar apenas política, muito discurso e
pouca ação. Com coisas pequenas, vai ser melhor. É claro que vamos respeitar a
posição do Vereador, mas estou propondo exatamente o inverso.
O SR.
PRESIDENTE: Estamos encerrando os trabalhos da presente Reunião.
(Encerra-se a Reunião às 12h.)
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